Presenciar a morte de alguém que não teve acesso aos primeiros socorros fez com que, aos 15 anos, Otávio Júnior da Costa se interessasse em fazer uma graduação na área da saúde. “Não existia dentro da minha comunidade um profissional que prestasse os primeiros atendimentos. Naquele momento, tive certeza de que eu deveria me tornar um profissional muito bem habilitado para atender às necessidades de cuidado do meu povo”, relata. Otávio pertence à etnia indígena Kaxixó, da Aldeia Capão do Zezinho, localizada no município de Martinho Campos, na Região Centro-Oeste de Minas Gerais. Hoje, aos 24 anos, ele cursa o último período de Enfermagem na UFMG.
O curso forma profissionais generalistas, com competências técnica, científica, humanista, social e ética, para atuarem no processo do cuidado e serem agentes promotores da saúde integral do ser humano. Os alunos são preparados para auxiliar na promoção da saúde, na prevenção de doenças, no tratamento, na recuperação e na reabilitação, de forma a identificar e intervir nos planos individual e coletivo.
Um exemplo da atuação da enfermagem na prevenção e promoção da qualidade de vida é a participação conjunta da Escola de Enfermagem na campanha anual Maio Amarelo, que envolve unidades da área de Ciências da Saúde da UFMG e autoridades do trânsito na abordagem de algum problema relacionado ao trânsito nas grandes cidades e que em 2019 teve como tema a febre das patinetes elétricas, como revela reportagem da TV UFMG.
Nos primeiros períodos, as atividades de algumas disciplinas do núcleo básico ocorrem no campus Pampulha. As do núcleo específico são concentradas a partir do 5º período, com aulas apenas na Escola de Enfermagem, no campus Saúde. No Seminário de Integração I, no primeiro semestre, os percursos formativos do curso são apresentados e explicados, assim como o protagonismo que o estudante pode assumir com a oferta de disciplinas optativas, que possibilitam traçar diferentes caminhos, segundo afinidades e interesses profissionais.
O estudante também pode escolher aderir ao Programa de Tutoria, no qual um professor tutor acompanha, assessora e auxilia o discente ao longo de toda sua trajetória acadêmica. Como cada tutor orienta alunos de diferentes períodos, a iniciativa permite aos calouros o acolhimento, a convivência e a troca de experiências com os veteranos. A partir do sexto período é permitido fazer estágios extracurriculares. Os curriculares são realizados nos dois últimos períodos, em serviços hospitalares de média e alta complexidade e em unidades da Atenção Básica em Saúde. No chamado internato rural, o aluno integra equipes de Saúde da Família em diferentes cidades, durante quatro meses .
“Um diferencial que o curso oferta é a gama de projetos de iniciação científica, de extensão, o PET Saúde, as monitorias e ligas acadêmicas de esporte e de cuidados em saúde”, avalia Otávio. Como sua intenção sempre foi se tornar um profissional capacitado para atender as necessidades de seu povo e contribuir para a qualidade da saúde dos povos indígenas, ele aproveitou várias oportunidades oferecidas durante a graduação. Participou como voluntário de um projeto de iniciação científica, foi bolsista na área de pediatria, no Hospital Infantil João Paulo II, fez diversos estágios, foi membro fundador e presidente da Associação Atlética Acadêmica da Saúde, compôs o grupo de pesquisadores do PET Indígena da UFMG, dentre outras atividades.
“Estou entusiasmado e preparado para aplicar o que aprendi na faculdade. É dada a hora do retorno; fui muito bem instruído para prestar uma assistência humanizada e acolhedora, sabendo, sempre, respeitar os princípios éticos e culturais de cada um”, afirma.
PARA SABER MAIS
Estrutura curricular https://ufmg.br/cursos/graduac...
Relação de candidatos por vaga em 2018: 56,7
Nota de corte no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) 2018: 723,76
Avaliação no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), em 2016: 5