Em telas a óleo, artista expressa sua relação com os povos da floresta
A exposição A força viva da floresta, da artista multimídia Fabíola Morais, está montada na sala Ana Horta do Centro Cultural UFMG. Em um conjunto de telas a óleo, Fabíola explora a relação entre os povos da floresta diluídos no ambiente urbano e natural em extinção, principalmente no entorno do cerrado de Goiás. A entrada é gratuita, e a classificação etária, livre.
"Toda floresta tem seu código anotado nela mesma, operando em frequências só perceptíveis aos que se expõem a essa força. As plantas revelam do cosmos à cultura; em um único segundo, tudo", observa a artista.
Seus desenhos somam transcendência e visão. Também remetem à arquitetura clássica, por meio de cores gestálticas e influência europeia, especialmente dos pintores Egon Schiele e Henri de Toulouse-Lautrec.
Conteúdos não revelados
O desenho indígena brasileiro é igualmente importante na obra de Fabíola Morais. Ela descreve a floresta como um ser com incalculáveis conteúdos não revelados. "O trabalho que apresento é a minha perspectiva da sintonia que consigo estabelecer com as florestas", revela a artista goiana. "Se a Amazônia vive o risco iminente da perda, viver no cerrado goiano é estar, de fato, sob a perda consumada", acrescenta.
Para Fabíola, desenhar foi uma forma intuitiva de colocar uma primeira camada da sua identidade no mundo. Essa habilidade a conduziu, na década de 1990, para a graduação em arquitetura, onde conseguiu materializar a sua imaginação. Ao mesmo tempo, constatou que a cidade crescia dura, eliminando tudo o que não era ela mesma. No mestrado, conheceu a antropologia indígena e, no doutorado, escreveu sobre desenho como sintoma e espaço de elaboração existencial.
Atualmente, seu trabalho está fundamentado na etnografia e no desenho, por meio dos quais deixa evidente a conexão com a natureza, a botânica, as raízes étnicas e o aspecto socioambiental. Seu trabalho (desenho ou fotografia) exercita movimentos entre os meios analógicos e digitais até ser finalizado em pintura a óleo.
A força viva da floresta permanece até 18 de setembro e pode ser vista de terça a sexta, das 9h às 20h, e nos sábados, domingos e feriados, das 9h às 17h. Mais informações podem ser solicitadas pelo telefone (31) 3409-8290.