Exposição no campus Saúde trata da 'cura da terra' no olhar de fotógrafos indígenas
A realidade dos povos indígenas aldeados Xakriabá e Kaxixó durante a pandemia de covid-19 é o tema da exposição fotográfica (Re)Tratar – cura da Terra. A mostra está aberta para visitas individuais a partir de hoje, simultaneamente na Escola de Enfermagem e na Faculdade de Medicina da UFMG, e permanecerá até o dia 30 deste mês.
O evento integra o Abril Indígena UFMG, iniciativa do Programa de Educação Tutorial Indı́gena, com apoio da Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Prae), e está organizado sob quatro temáticas: território, educação, saúde e cultura. A organização cabe ao Centro de Memória da Medicina (Cememor), que faz parte da Rede de Museus da UFMG e é aberto ao público.
Segundo o fotógrafo Otávio Kaxixó – que divide a exposição com Edgar Kanaykõ –, as mudanças climáticas sempre foram motivo de alerta dos povos indígenas, que, segundo ele, não foram ouvidos. “Foi necessária uma pandemia para as pessoas repensarem a nossa relação com o meio ambiente”, diz. Os relatos do artista sobre a vivência das comunidades e a composição das obras estão em reportagem sobre a exposição, publicada no site da Faculdade de Medicina da UFMG.
As fotografias, feitas nos municípios mineiros de São João das Missões (norte) e de Martinho Campos (centro-oeste), onde residem os povos retratados, propõem reflexão sobre o processo de cura necessário à terra e aos indivíduos que a ocupam. As temáticas foram exploradas também em documentário que teve como base o material produzido, além de captações feitas por drones.
Artistas
Otávio pertence à etnia Kaxixó e vive no município de Martinho Campos, a 220 quilômetros de Belo Horizonte. Formado em enfermagem na UFMG, ele hoje cursa Medicina, também na Universidade. Em entrevista publicada no site da escola de Enfermagem, ele aborda o processo de troca de saberes propiciado pela experiência no ambiente universitário.
Edgar Kanaykõ é formado em Ciências Sociais/Humanas, no curso de Formação Intercultural de Educadores Indígenas (Fiei), da Faculdade de Educação da UFMG. Ele já exibiu trabalhos em mostras como Resistência: Siwẽttêt, que integrou edição do Festival de Inverno da Universidade.