A fachada digital do Espaço do Conhecimento UFMG exibe, até quarta-feira, 31 de agosto de 2022, a exposição O futuro é indígena, do artista Edgar Kanaykõ Xakriabá, como parte da celebração do Agosto Indígena. As imagens, em cores e em preto e beanco, retratam o cotidiano do povo Xakriabá e podem ser vislumbradas no exterior do prédio, na Praça da Liberdade, das 19h às 23h.

O artista trabalha sob a perspectiva da etnofotografia indígena, por meio da qual a arte de fotografar integra-se ao estudo sobre a cultura e os grupos sociais, em particular, sobre os povos originários. O autor afirma que “a fotografia e o audiovisual são tomados como uma ferramenta de luta para os povos indígenas, possibilitando ao ‘outro’ ver com outro olhar aquilo que somos”.

Para os Xakriabá, a fotografia revela segredos além do que os olhos podem captar. Segundo sua cosmovisão, ao fotografar rituais, são os espíritos locais, por meio dos pajés, que dizem o que pode ou não ser revelado.
 
Trajetória
Edgar teve o primeiro contato com as câmeras no começo dos anos 2000. Na juventude, já se interessava pelas imagens como forma de registro do cotidiano de seu povo. A partir de 2009, já como estudante universitário, foi apresentado ao conceito de etnografia e passou a aplicá-lo aos seus trabalhos. Ele é graduado em Ciências Sociais/Humanas no curso de Formação Intercultural de Educadores Indígenas (Fiei), ofertado pela Faculdade de Educação da UFMG. 

Recebeu apoio da Associação Indígena Xakriabá para que desenvolvesse uma reflexão sobre essa tecnologia no mestrado e foi o primeiro indígena mestre em Antropologia pela UFMG. Sua dissertação recebeu o nome de Etnovisão: o olhar indígena que atravessa a lente. 

Edgar Corrêa Kanaykõ, nasceu e vive na Terra Indígena Xakriabá, município de São João das Missões, em Minas Gerais.