Institucional

Andréa Gazzinelli, Maria José Grillo e Marília Alves são as novas eméritas da UFMG

Cerimônia de outorga do título, realizada nesta quarta, dia 20, abriu as comemorações dos 90 anos da Escola de Enfermagem

Marília Alves, Maria José Grillo e Andréa Gazzinelli
Marília Alves, Maria José Grillo e Andréa Gazzinelli: compromisso institucional e com o ensino, a pesquisa e a extensãoFoca Lisboa | UFMG

A noite desta quarta-feira, 20 de julho, foi marcada por um fato histórico na UFMG: pela primeira vez, em uma mesma cerimônia, três mulheres receberam o título de professoras eméritas da UFMG: Andréa Gazzinelli Corrêa de Oliveira, Maria José Cabral Grillo e Marília Alves, da Escola de Enfermagem. A honraria é destinada a professores aposentados que alcançaram alto grau de projeção no exercício da atividade acadêmica e científica.

“Esse fato pouco comum nos mostra o quanto ainda temos que avançar em relação à igualdade de direitos em nosso país e no mundo, em especial no campo profissional e nos cargos de maior destaque”, destacou a reitora Sandra Regina Goulart Almeida durante a cerimônia. 

Terceira mulher a ocupar o cargo máximo na UFMG e a primeira a ser reconduzida para um segundo mandato, Sandra Goulart enfatizou que as homenageadas, cada uma na sua área de atuação, são exemplos de comprometimento e dedicação ao ensino, à pesquisa e à extensão. “Professoras dedicadas, sempre disponíveis para atender aos anseios da comunidade, elas tiveram uma trajetória marcada por desafios que lhe proporcionaram destaque em nossa UFMG e no plano nacional e internacional, sempre demonstrando um continuado comprometimento institucional. Entre as inúmeras tarefas que escolheram abraçar, seja porque era preciso ou necessário, destaco o trabalho administrativo – foram diretoras e pró-reitoras em vários espaços administrativos. A UFMG agradece o legado que nos deixam e tudo que fizeram por nossa instituição”, declarou a reitora.

A cerimônia, que reuniu autoridades, docentes, servidores técnico-administrativos, estudantes e familiares no auditório da Faculdade de Medicina, no campus Saúde, também marcou o início das comemorações dos 90 anos da Escola de Enfermagem.

 A diretora da Escola, professora Sônia Maria Soares, que, em nome da comunidade acadêmica, saudou as eméritas, enfatizou a satisfação de iniciar as comemorações dos 90 anos da Unidade manifestando publicamente o reconhecimento às três professoras, que, segundo ela, são donas de biografias acadêmicas que orgulham a comunidade da Enfermagem. “Vocês cumpriram o papel como docentes e nos deixam um legado na formação de muitas gerações. Soma-se a isso o impacto nas atividades desenvolvidas na pesquisa, na extensão e na administração acadêmica. É perceptível que cada uma imprimiu a sua marca por onde passou, orquestrando em diferentes perspectivas a carreira docente", analisou.

Sônia Soares:
Sônia Soares: biografias que orgulham a comunidade da Escola de EnfermagemFoca Lisboa | UFMG

Saudações
Na saudação à professora Maria José Grillo, do Departamento de Enfermagem Básica, a diretora destacou seu talento administrativo, capacidade de reflexão e síntese, espírito crítico e militância em diferentes movimentos sociais e políticos em defesa e valorização da Enfermagem, da Escola e da UFMG. “O seu protagonismo na gestão acadêmica e administrativa foi muito marcante e se sobressai diante de outras dimensões”, disse Sônia, citando, entre os cargos que ocupou, o de presidente da Fundação Universitária Mendes Pimentel (Fump), onde,  de 2002 a 2006,  impulsionou a criação de vários programas de assistência estudantil, incluindo “intervenções nas áreas de moradia, alimentação e intercâmbio internacional”.

Sobre a professora Marília Alves, do Departamento de Enfermagem Aplicada, Sônia Soares lembrou que ela contribuiu para a formação de inúmeros enfermeiros e capacitou outros, que hoje são docentes na Escola. “Ela participou de importantes projetos que beneficiaram o curso de Enfermagem de forma direta ou indireta e propôs a criação do curso de graduação em Análise de Sistema e Serviços de Saúde, atual Gestão de Serviços de Saúde. No campo da pesquisa, Marília se destacou como uma precursora do estudo do sofrimento moral associado ao trabalho da Enfermagem”, informou a diretora.

A professora Andréa Gazzinelli, do Departamento de Enfermagem Maternoinfantil e Saúde Pública, teve destacada atuação na pesquisa, registrou Sônia Soares.  “Ela desenvolveu inúmeros projetos de pesquisa, a maioria com recursos captados em agências de fomento nacional e internacionais, focados em duas áreas principais: as doenças crônicas e as parasitárias, com foco, por exemplo, na inclusão de usuários nos serviços de saúde”, relatou a diretora, que também apresentou um panorama da produção acadêmica da professora Andréa.

Sandra Goulart:
Sandra Goulart: caminho a percorrer em direção à igualdade de direitosFoca Lisboa | UFMG

Aprender sempre
Ao agradecer a homenagem, Andréa Gazzinelli ressaltou sua identificação com a UFMG. “Sou filha de cientista e professor do Instituto de Ciências Biológicas [Giovanni Gazzinelli], meu pai sempre foi um incentivador da minha carreira docente na UFMG. Posso dizer que sou fruto desta casa. Formei em 1979 e aqui trabalhei durante 32 anos como docente”, registrou. Ela também destacou o seu envolvimento com trabalhos de campo. Foram 23 anos de pesquisas em saúde pública realizadas nas comunidades endêmicas para esquistossomose, a maioria no Vale do Jequitinhonha. "As memórias desses trabalhos de campo são muitas. Vivenciei uma realidade do Brasil diferente da que eu conhecia. O convívio com os moradores dessas localidades muito me ensinou. Não era só uma relação de pesquisador com o participante. Com alguns tive um carinho especial e lembro com saudade", afirmou.

A professora Maria José enumerou entidades e grupos que caminharam a seu lado. “Agradeço ao Diretório Acadêmico Marina Andrade Rezende a possibilidade de exercitar a política estudantil na graduação, aos meus professores, por terem me acolhido como colega docente assim que me graduei, e a todos os meus alunos, que durante meus 41 anos de docência, sempre me estimularam e me ensinaram", registrou. E citou Paulo Freire, inspiração para educadores de vários campos e níveis de ensino: "Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso, aprendemos sempre".

Marília Alves, por sua vez, destacou que a Universidade, em suas diversas gestões, possibilitou a ela participar ativamente de vários órgãos deliberativos e estabelecer uma sólida rede de relações com o ambiente universitário. “Foram desafios, mas também oportunidades, em uma universidade inclusiva e de portas abertas para o conhecimento e compartilhamento de saberes. Considerando que o real está na travessia, continuemos a caminhada juntos, pois a aposentadoria não é um fim, apenas uma nova forma como professora emérita", afirmou ela.

Um relato mais detalhado da cerimônia pode ser lido no site da Escola de Enfermagem.

Eméritas da Enfermagem

Rosânia Felipe | Assessoria de Comunicação da Escola de Enfermagem