Ao denunciarem violência, mulheres não brancas têm 33% mais chance de morrer
Pesquisa da Faculdade de Medicina demonstra que residir em áreas rurais e em pequenos municípios ou ter alguma deficiência também aumentam o risco
Se comparadas a mulheres brancas, as mulheres pretas, pardas, amarelas e indígenas têm 33% mais risco de morrer após denunciarem um caso de violência interpessoal. A conclusão é da tese de doutorado Violência por parceiro íntimo em mulheres no Brasil: da notificação ao óbito, defendida por Isabella Vitral Pinto em outubro de 2022 no Programa de Pós-graduação em Saúde Pública da Faculdade de Medicina da UFMG.
No trabalho, Isabella fez uma análise epidemiológica da violência interpessoal – com foco na Violência por Parceiro Íntimo (VPI) – contra mulheres, cruzando as notificações realizadas pelos serviços de saúde com os registros de óbito. “As consequências da VPI acometem a condição de vida e a saúde das mulheres, podendo contribuir para o aumento do risco de morte precoce”, concluiu a pesquisadora.
A tese de Isabella também deu origem a um artigo que relaciona aspectos sociodemográficos ao risco de óbito após VPI. Os resultados mostraram que mulheres residentes em áreas rurais e em municípios de pequeno porte (com população inferior a 10 mil habitantes) e portadoras de alguma deficiência também correm mais risco de morrer.
Para chegar a esses resultados, a pesquisa relacionou as notificações de violência registradas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) e os dados de óbito registrados no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). Em suas pesquisas, Isabella analisou mais de 100 mil casos de violência cometidos contra mulheres de 15 a 59 anos, de 2011 a 2016.