Ato na Faculdade de Direito prega respeito à Constituição e ao resultado das eleições
Iniciativa marcou adesão ao movimento deflagrado por ex-alunos da USP que gerou uma carta em defesa do Estado Democrático de Direito
Membros da comunidade da UFMG e representantes da sociedade civil estiveram reunidos na manhã desta quinta-feira, 11, na Faculdade de Direito, para um ato em defesa da democracia e pelo respeito ao resultado das eleições de outubro próximo. A iniciativa representou adesão ao movimento iniciado por ex-alunos da Faculdade de Direito da USP, que culminou em evento realizado também hoje, em São Paulo. Na UFMG, a Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito, elaborada na USP e já assinada por mais de 960 mil pessoas, foi lida pela professora Misabel Derzi, da Faculdade de Direito.
A vice-diretora da unidade, Mônica Sette Lopes, leu nota em que a Faculdade "expressa apoio e confiança no sistema eleitoral brasileiro e nos órgãos judiciários que o supervisionam, sob a liderança do Tribunal Superior Eleitoral". O texto enfatiza que "os ataques desferidos contra nosso sistema eleitoral são infundados e baseados em ampla campanha de desinformação". Diz ainda que é preciso defender "o trabalho imparcial dos magistrados brasileiros em prol da consecução democrática da soberania popular". Segundo o manifesto da Faculdade de Direito, "o resultado eleitoral deve ser respeitado, assim como qualquer tentativa de ruptura institucional deve ser rechaçada pelas instituições brasileiras".
Ao encerrar o ato, a reitora Sandra Regina Goulart Almeida, lembrou que, em todo o país, "uma infinidade de vozes se levantam, neste 11 de agosto já histórico, em defesa da democracia, o que é um enorme alento, mas também motivo de grande tristeza, porque ainda precisamos defender o que para nós é um valor inegociável".
Sandra afirmou que a democracia é a condição primeira de uma universidade, porque dela advêm a liberdade de cátedra e de manifestação de ideias e a autonomia universitária. "A UFMG jamais se furtou a assumir a defesa dos valores democráticos", disse. Após citar versos da canção Carta à República, de Milton Nascimento e Fernando Brant, composta em 1987, ela ressaltou que "a democracia nunca estará consolidada, deve ser construída diuturnamente, porque queremos um país melhor". A canção escrita dois anos após o fim do regime militar e um ano antes da promulgação da Constituição de 1988 expressa, segundo a reitora, um "amálgama de sentimentos", como alívio, esperança, desilusão e resiliência.
"A UFMG jamais se esquivará de seu compromisso com a liberdade. Cabe à universidade ser protagonista das narrativas de passagens de um passado turbulento para um tempo em que finalmente o Brasil deixará de ser profundamente desigual", concluiu a reitora da UFMG.
OAB
O ato na Faculdade de Direito da UFMG abrigou também manifestação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O presidente da seção mineira da entidade, Sérgio Leonardo, leu o texto em que a Ordem garante que continuará a defender os direitos e garantias individuais, o modelo federativo, a divisão e a harmonia entre os Poderes da República e o voto secreto, periódico e universal. "Pugnamos por eleições limpas, livres, com a prevalência da vontade expressa pelo eleitorado por meio do voto – o que vale para todos os cargos em disputa", diz a nota da OAB.