'Aulas abertas', do Centro Cultural, mostra universo da bibliografia e livros raros
Em vídeo, especialistas da UFRJ e da UFMG discutem como esse campo se insere na discussão dos problemas da informação na contemporaneidade
A edição do mês de fevereiro do projeto Aulas abertas, disponível no canal do Centro Cultural UFMG no YouTube, propõe uma discussão sobre o tema Bibliografia: um terreno potente da informação e da cultura. Os participantes são o professor de Biblioteconomia André Vieira de Freitas Araújo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e a bibliotecária Diná Marques Pereira Araújo, da UFMG.
A atividade repercute a inserção da bibliografia nos temas e nos problemas da informação na contemporaneidade, analisando brevemente o seu conceito e a sua função social.
Os especialistas fazem um sobrevoo histórico do campo e demonstram como a bibliografia possibilita ao público pensar e conceber o mapa da formação de acervos, explorando alguns objetos gráficos que compõem o conjunto de obras raras da UFMG.
Disciplina-chave
Segundo Andre Araújo, muitos temas contemporâneos, como explosão informacional, organização do conhecimento, métricas, indicadores científicos e confiabilidade da informação, dizem respeito a "questões muito caras, estritamente vinculadas histórica e epistemologicamente à bibliografia". "A bibliografia é uma disciplina-chave, que confronta diretamente os problemas da informação e da cultura", avalia.
Para o professor, elencar, registrar e selecionar com foco na organização do conhecimento já era uma tarefa presente no mundo antigo e medieval. No início da Europa Moderna, surgiram as primeiras concepções teóricas e metodológicas da bibliografia, principalmente pela figura dos humanistas.
Furioso e Quixote
Diná Marques apresenta alguns livros do acervo de obras raras da UFMG, como Orlando Furioso, escrito pelo poeta renascentista italiano Ludovico Ariosto. "O exemplar conserva alguns registros e marcas de uso, como carimbos e ex-libris manuscrito e tipográfico de bibliófilos distintos, que propiciam conhecimento sobre o documento", destaca.
A bibliotecária também exibe um registro de 1630 do historiador romano Caio Suetônio Tranquilo, e a obra Dom Quixote, do escritor, dramaturgo e poeta espanhol Miguel de Cervantes, com tradução de Florian, impresso em Paris em 1799.
Convidados
André Vieira de Freitas Araujo é professor do Departamento de Biblioteconomia da UFRJ. É um dos idealizadores e organizadores do seminário A arte da bibliografia.
Diná Marques Pereira Araújo é bibliotecária da UFMG, mestra e doutoranda em Ciência da Informação no Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação da UFMG.
Ambos atuam nos campos da bibliografia, informação e cultura, organização do conhecimento, patrimônio e memória.
O projeto
O projeto Aulas abertas oferece um espaço de compartilhamento de ideias, conceitos e experiências, buscando estimular a construção do conhecimento reflexivo e crítico pelo público. Os vídeos não contêm aulas, necessariamente; professores, pesquisadores e artistas propõem discussões contextualizadas pelo olhar científico e humano.