O psicanalista e professor Jeferson Machado Pinto, vinculado ao Departamento de Psicologia da Fafich, será homenageado em “cerimônia de sétimo dia” nesta sexta-feira, 8 de abril, no Auditório Carangola, da Faculdade. Jeferson morreu no último sábado, dia 2, em decorrência de um câncer. O convite para a cerimônia, que terá início às 20h, é feito pela família a toda a comunidade.

A cerimônia na Fafich substitui a ideia de uma missa ou um culto porque, segundo a filha Patrícia Bizzotto, ele tinha relação forte com a UFMG e não foi um homem religioso. No evento, familiares, amigos e colegas darão depoimentos, e serão exibidos registros audiovisuais relacionados à vida do professor.

Para Patrícia, a noção de acolhimento precisa aparecer quando se fala do pai. “Ele era muito generoso e oferecia muita escuta, em família e no trabalho. As pessoas se conectavam muito rapidamente com ele. Não era da natureza dele valorizar a melancolia e coisas tristes”, ela destaca, mencionando que Jeferson teve vida normal ao longo dos 22 anos em que “driblou” a doença. Jeferson estava aposentado na UFMG desde 2007, mas clinicou até há muito pouco tempo.

A professora aposentada da Faculdade de Letras e também psicanalista Lúcia Castello Branco, que mantinha relações acadêmicas e familiares com Jeferson Pinto, ressalta que ele esteve sempre na vanguarda do conhecimento sobre a psicanálise e, particularmente, das relações desse campo com a ciência e a arte. “Jeferson não era afiliado a nenhuma das escolas da psicanálise, mas frequentava todas elas, convidado para expor suas ideias e resultados de suas pesquisas”, conta a professora, que cita a discrição como uma das características mais marcantes do colega e amigo.  

Tema do feminino
Nascido em Belo Horizonte, em 1948, Jeferson graduou-se em Psicologia pela UFMG, cursou o doutorado em Ciências (Psicologia Experimental) na USP e fez estudos de pós-doutorado no grupo Psicanálise e Conexões do Instituto de Estudos Avançados da instituição paulista. Desenvolveu pesquisas, sobretudo, acerca do universo feminino e do método de Pesquisa em Psicanálise e suas relações com a ciência, de acordo com as formulações teóricas de Freud e Lacan. Na década de 1970, foi diretor pedagógico do Cefet-MG e diretor do Centro Pedagógico da UFMG. Entre outras obras, publicou Psicanálise, feminino, singular, pela Editora Autêntica.

Transcrições de aulas, ensaios e outros textos de Jeferson Pinto estão sendo reunidos pelo psicanalista Musso Greco para um livro que deverá ser lançado no final deste ano.

Além de Patrícia, Jeferson deixa a esposa, Cláudia, o filho Marcelo e dois netos. Há dez anos, a família perdeu a primogênita, Cecília.