No último depoimento da série que celebra o Dia Nacional da Imunização (9 de junho), produzida durante este mês, a TV UFMG ouviu a professora Fernanda Penido Matozinhos, do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Saúde Pública da Escola de Enfermagem da UFMG e coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Vacinação (Nupesv). Ela propõe reflexão sobre o papel das fake news e da infodemia na queda da cobertura vacinal.

A pandemia da covid-19 e a resposta a ela foram acompanhadas por uma grave infodemia, caracterizada por excesso de informações, muitas vezes imprecisas ou falsas, que tornam difícil encontrar fontes idôneas e orientações confiáveis. Segundo a OMS, a palavra infodemia refere-se a um grande aumento no volume de informações associadas a um assunto específico, que podem se multiplicar exponencialmente em pouco tempo e criar um cenário de incertezas e dúvidas sobre qual informação é confiável.

Apesar de não ser um fenômeno novo, a infodemia foi potencializada em todo o mundo diante do medo e da insegurança ao lidar com o então desconhecido vírus Sars-CoV-2. Diante do enorme volume de informações compartilhadas pelas mídias sociais, sem critério ou avaliação da fonte, a desinformação e as teorias conspiratórias causaram desconfiança sobre os imunizantes.

Saturação
Estudo da empresa de cibersegurança Kaspersky, realizado em 2021, revelou que 78% dos brasileiros sentem-se saturados de informações. As conclusões do levantamento indicam que, durante o ápice da pandemia da covid-19, mais de 50% dos brasileiros consumiram “mais ou muito mais” notícias em comparação a um ano normal. Além disso, três quartos sentiram-se saturados por causa da grande quantidade de informações sobre um mesmo tema. Uma das consequências da infodemia foi justamente o compartilhamento de notícias falsas e informações incorretas sobre as vacinas.

No Brasil, houve desafios adicionais durante o período, como a descredibilização dos imunizantes e o endosso de tratamentos ineficazes por parte de profissionais de saúde e autoridades de governo. A vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabela Ballalai, defende, em entrevista à Agência Brasil, que é preciso que as organizações de saúde e a comunidade científica tenham empatia para sanar as dúvidas da população com transparência e tratar dos temas que preocupam as pessoas.

Enquanto as entidades de saúde pública e centros de pesquisa se mobilizam para combater a infodemia, é preciso que a população reflita sobre as causas do retrocesso nos níveis de vacinação. As vacinas são seguras, passam por rigorosos processos de avaliação e aprovação e conseguem erradicar doenças infecciosas graves. Reações como febre, vermelhidão e dor no local da aplicação são normais. Reações graves, por sua vez, são raríssimas. Nenhum desconforto da aplicação supera os benefícios dos imunizantes para a saúde individual e coletiva. Em caso de dúvida, é preciso buscar fontes seguras e confiáveis de informação.

Equipe: Renata Valentim (produção e edição de imagens) e Lucas Tunes (imagens)