Os desafios e potências das artes sáficas
TV UFMG traça panorama da produção criativa em BH nessa área, que tem entre os seus destaques a mestranda da EBA Leíner Hoki, finalista do Prêmio Jabuti em 2022
Você sabia que o termo lésbica vem de uma artista grega? Safo das Lebos, como ficou reconhecida, era uma célebre poetisa da Ilha de Lesbos. Como suas obras tratam do amor entre mulheres, sua origem cunhou o termo que hoje identifica milhares de mulheres ao redor do mundo. Os poemas de Safo são o primeiro capítulo de uma história que ainda hoje está sendo contada pela arte, agora na voz de múltiplas artistas que, assim como a poeta, compartilham do amor por mulheres. A TV UFMG conversou com três artistas belo-horizontinas que relatam suas experiências e abordam os avanços no reconhecimento de seus trabalhos.
Autora do livro-tese Tríbades, safistas, sapatonas do mundo, uni-vos: investigações sobre a poética das lesbianidades”, Leíner Hoki, mestranda em artes visuais pela UFMG, foi finalista do Prêmio Jabuti 2022 com sua pesquisa sobre artes lésbicas. Em entrevista à TV UFMG, a pesquisadora narra alguns dos desafios dos seus estudos.
Hibridismo
Somado ao universo acadêmico, Leíner busca reunir investigações no ateliê e na poesia. Ao longo do seu livro, ela traz obras de arte e poemas-ensaio, como ela mesma define, que ilustram e se complementam aos materiais teóricos, dando um tom único para a obra.
Daphne Cunha, bacharel em artes visuais pela UFMG, também viu no hibridismo uma possibilidade de contemplação das artes lésbicas. A artista, que antes se dedicava somente ao universo da pintura, viu a necessidade de começar a fotografar para que pudesse ter referências mais claras para suas obras, mas também viu na fotografia uma potência no seu trabalho de retratar os afetos entre mulheres. A iniciativa partiu do fato de que as referências encontradas na maioria das vezes não contemplavam a diversidade de corpos e eram produzidas por olhares masculinos.
Renata Paz, por sua vez, encontrou nos palcos o lugar de fazer valer a sua voz. Participante e cofundadora da Breve Cia, junto com Anair Patrícia e Amora Tito, ambas licenciadas em Teatro pela UFMG, a artista esteve em cartaz em 2022 com o espetáculo Querença, que fala sobre as muitas formas de amor entre mulheres.
Em entrevista à TV UFMG, a atriz conta que a peça nasceu de uma necessidade de falar sobre amor, já que o espetáculo anterior da companhia, E se todas chamassem Carmem, era muito carregado de dor. Renata fala sobre a importância de expressar essas relações para que a sua história – e de muitas outras – de mulher preta sapatão não seja resumida aos males do racismo, da misoginia e da homofobia que assolam a sociedade. Ela destaca que a essência do seu trabalho é o coletivo, ressaltando a importância de outras mulheres que abriram o caminho para as atuais artistas e a importância de deixar o caminho aberto para quem está chegando.
Equipe
Produção e reportagem: Laura Bragança
Imagens: Lucas Tunes, Ravik Gomes e Samuel do Vale
Edição de imagens: Márcia Botelho
Edição de conteúdo: Flávia Moraes