Educação superior deve valorizar cooperação, defende Sandra Goulart em conferência da Unesco
Reitora da UFMG participou, nesta quinta, em Barcelona, de mesa sobre experiências ibero-americanas
A educação superior deve ser encarada como um “bem público social, direito de todos e dever do Estado”, como acordado entre os países ibero-americanos em encontros regionais como a Conferência de Córdoba, em 2018. A defesa foi feita pela reitora da UFMG, Sandra Goulart Almeida, e outros participantes de mesa-redonda realizada nesta quinta-feira, 19 de maio, durante a 3ª Conferência Mundial sobre Educação Superior (CMES) da Unesco, que prossegue até amanhã, em Barcelona, Espanha.
A reitora participa do encontro como presidente da Associação das Universidades do Grupo Montevidéu (AUGM). Ela enfatizou o histórico de cooperação entre as universidades dos países da região. “Compartilhamos experiências e mantemos inúmeros projetos conjuntos. E a pandemia de covid-19 confirmou a importância da colaboração”, disse Sandra, em seu relato sobre os principais temas abordados na mesa.
Participaram também da mesa-redonda a presidente da União de Universidades da América Latina e Caribe (Udual), Dolly Montoya, a reitora da Universidade de Havana (Cuba), Myriam Nicado, o secretário de Educação Superior do México, Luciano Concheiro, o secretário de Educação Superior da Argentina, Oscar Dominguez, e o diretor do Espaço Ibero-americano do Conhecimento, Felix Lausin, que coordenou o debate.
Justiça social e formação humanista
“É unânime entre nós a visão de que a universidade tem papel social importantíssimo, daí a necessidade de que a educação superior seja tratada como projeto de Estado. É crucial que as instituições estejam muito próximas da sociedade”, disse a reitora da UFMG, que fez questão de ressaltar o valor dos encontros regionais que serviram de preparação para a participação dos países de América Latina e Caribe em Barcelona.
Em suas falas, Sandra Goulart citou os Objetivos do Desenvolvimento Sustentavel (ODS), estabelecidos pelas Nações Unidas, como referência para a atuação das universidades públicas. “Noções como sustentabilidade, inclusão, justiça social e formação humanista devem orientar a educação superior. E a educação, em todos os níveis, não pode ser tratada como mercadoria”, afirmou.
As duas primeiras edições da Conferência da Unesco foram realizadas em Paris, em 1998 e 2009. O evento de Barcelona, que será encerrado amanhã (sexta, 20), reúne cerca de 1.500 pessoas, sobretudo representantes de governos, de redes internacionais de universidades e especialistas nos diversos campos relacionados à educação superior.
O objetivo central da edição deste ano do evento global é discutir ideias e práticas na educação que assegurem desenvolvimento sustentável para o planeta e a humanidade. A Unesco ressalta a importância desse debate em um cenário marcado pelas mudanças climáticas, pelo desequilíbrio dos mercados de trabalho, aumento das vulnerabilidades sociais, aprofundamento das desigualdades e pelas consequências da pandemia de covid-19. Algumas das preocupações que regem as conversas estão relacionadas à relevância de programas e cursos, produção de dados e conhecimento, inclusão, mobilidade acadêmica, cooperação internacional e fontes de financiamento.