Estudo reunirá dados sobre a venda de alimentos em escolas brasileiras
Coordenado pelo Departamento de Nutrição da Escola de Enfermagem, levantamento abrange mil unidades de ensino de nove municípios, sendo oito capitais
Crianças e os adolescentes passam no mínimo um terço do dia na escola e fazem uma ou duas refeições nesse ambiente, que, portanto, é estratégico na formação de hábitos alimentares. O projeto Comercialização de alimentos em escolas brasileiras (Caeb), coordenado pela professora Larissa Loures Mendes, do Departamento de Nutrição da Escola de Enfermagem da UFMG, pretende aproveitar essa particularidade para reunir informações sobre a venda de alimentos e bebidas em cantinas e lanchonetes de escolas privadas e no entorno dessas unidades de ensino.
O projeto, em parceria com o instituto Vox Populi, vai avaliar o ambiente alimentar das escolas do ensino fundamental e médio de grandes cidades brasileiras. Para isso, serão entrevistados proprietários/gestores das cantinas escolares e do comércio ambulante de alimentos no entorno dessas escolas.
Nove cidades estão no escopo da pesquisa, iniciada no mês passado: Aracaju (SE), Belém (PA), Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), Fortaleza (CE), Niterói (RJ), Porto Alegre (RS), Recife (PE) e Rio de Janeiro (RJ). O levantamento será feito até novembro de 2022, com aplicação de questionário em cerca de 1 mil escolas. Segundo a professora Larissa Loures, as escolas foram selecionadas por sorteio, e a participação na pesquisa ocorre mediante a livre concordância do proprietário ou gestor responsável pela cantina e dos comerciantes ambulantes.
“Os dados obtidos serão analisados com a finalidade de embasar a criação de propostas que contribuam para escolhas alimentares mais saudáveis pelos alunos. Serão coletadas informações sobre preço, disponibilidade e qualidade dos alimentos e bebidas comercializados. Os dados individuais de cada cantina, escola participante ou comerciante ambulante serão tratados de forma sigilosa", assegura a professora.
Diagnóstico gratuito
Larissa Loures explica, ainda, que, dois meses após a coleta dos dados, os estabelecimentos participantes receberão gratuitamente um diagnóstico sobre a situação da sua atividade de comércio de alimentos e bebidas nas escolas. Essas informações também serão tratadas de modo confidencial e compartilhadas apenas com o gestor responsável pelo negócio. “O diagnóstico inclui um esquema de fácil visualização que mostra o percentual de alimentos in natura, minimamente processados e ultraprocessados oferecidos pelos estabelecimentos. A devolutiva indica os pontos críticos desse comércio e fornece dicas de como melhorar o negócio, tornando-o mais alinhado às últimas recomendações para uma alimentação adequada e saudável. Por fim, o participante da pesquisa receberá um guia prático do modelo de negócios da cantina saudável em formato de e-book”.
O estudo é coordenado por pesquisadores vinculados a sete universidades públicas brasileiras: Universidade Federal de Minas Gerais, Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/Fiocruz), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Estadual do Ceará (Uece), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Federal de Sergipe (UFS). É financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com o apoio da ACT Promoção da Saúde, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e do Instituto Desiderata.
Mais informações estão disponíveis no site do projeto.