Equipamento desenvolvido no ICA garante controle preciso da alimentação de suínos
Empresa canadense aprimorou a tecnologia, que possibilita traçar estratégias compatíveis com as exigências de cada animal
Na chamada era da agricultura de precisão, a tecnologia tem sido uma grande aliada de pesquisadores, empresas e produtores rurais. Equipamento desenvolvido no Núcleo de Estudos em Produção de Suínos (Nepsui) do Instituto de Ciências Agrárias (ICA) da UFMG se mostrou bastante eficiente no monitoramento e controle da alimentação de suínos. O protótipo foi criado na Universidade e passou por testes até ser aperfeiçoado pela empresa canadense Gestal Jyga STA, que tem atuação no Brasil.
O primeiro modelo surgiu em razão de demanda por um equipamento similar para a fase de engorda. “Nós fizemos a proposta de desenvolver um protótipo usando os componentes de hardware e software oferecidos por eles, só que ajustado à categoria animal que estávamos avaliando. Fizemos dois estudos-piloto, e a empresa gostou bastante dos resultados obtidos, o que a levou a desenvolver uma versão lapidada do equipamento. Como parte da parceria, eles nos bonificaram com cinco estações”, explica o professor Bruno Silva, coordenador do Nepsui e responsável pela área de Nutrição e Produção de Suínos e Adaptação Ambiental.
Três equipamentos foram montados recentemente no Nepsui e já estão sendo usados. Outras duas máquinas serão enviadas ainda este ano. Entre os benefícios da tecnologia, estão a maior eficiência alimentar e o desenvolvimento corporal do animal associados ao desenvolvimento de estratégias sustentáveis, que evitam o desperdício e minimizam impactos ambientais.
O professor também lista os benefícios para os animais. “Essa tecnologia permite o desenvolvimento de estratégias de acordo com a exigência diária do animal. Ou seja, ele recebe a quantidade exata de alimento de que precisa naquele dia. Além disso, o equipamento nos permite considerar variáveis, como idade e sexo, otimizando todos os componentes de adequação para potencializar o desempenho do animal”, afirma Bruno Silva.
Na medida certa
Quarenta e dois animais em fase de engorda foram distribuídos em três estações (14 em cada uma delas). Transponders fixados nos corpos dos animais armazenam e transmitem informações para o sistema de monitoramento montado no laboratório. O equipamento libera a quantidade específica de ração para cada suíno que entra na máquina para se alimentar.
O pesquisador Pedro Gomes, da Universidade Federal de Lavras (Ufla), está realizando sua pesquisa de doutorado no Núcleo de Estudos em Produção de Suínos do ICA, sob a coorientação do professor Bruno Silva. Segundo Gomes, o objetivo principal de sua tese é avaliar o impacto do uso de uma suplementação vitamínica mineral diluída na água sobre o consumo de água e de ração dos suínos, seus efeitos no status imunológico e na cinética de comportamento, além de conhecer o chamado status redox - capacidade de resposta do organismo ao estresse oxidativo. "Com o auxílio das máquinas de alimentação, será possível conhecer melhor a cinética do comportamento dos animais e a resposta ingestiva de acordo com o estado fisiológico e metabólico de cada indivíduo", projeta o pesquisador.
O monitoramento também é feito por meio de câmeras que registram a dinâmica de alimentação e comportamento dos animais. Por meio das imagens, será possível realizar um mapeamento térmico dos suínos e avaliar os parâmetros comportamentais durante o período experimental. Com base na análise de todos esses dados, será possível verificar os impactos do uso desse suplemento vitamínico-mineral via água, o comportamento e o sistema imunológico dos suínos.
“Às vezes, é muito difícil mensurar o consumo de ração, porque as baias reúnem, muitas vezes, um número muito grande de animais. Conhecer o consumo individual é um processo difícil. Normalmente, experimentos analisam o consumo da baia de acordo com uma média entre os animais. As máquinas vão ajudar a equipe a precisar o consumo individual de cada animal. Com as pesagens, vamos conhecer o desempenho do indivíduo, o consumo de ração e a conversão alimentar. Isso trará uma grande contribuição para o futuro da suinocultura”, projeta o pesquisador.
Outras informações sobre o Núcleo de Estudos em Produção de Suínos da UFMG estão disponíveis em sua página.