MHNJB inicia construção de plataforma para reunir informações de acervo atingido por incêndio
Profissionais e bolsistas atuam no processamento de parte do acervo de Paleontologia e da coleção Maxacali
O Museu de História Natural e Jardim Botânico (MHNJB-UFMG) iniciou, em janeiro, presencialmente, os trabalhos previstos na campanha de financiamento coletivo Renasce museu para estruturação de uma plataforma virtual, pública e gratuita, com informações e imagens dos acervos que foram afetados pelo incêndio ocorrido no dia 15 de junho de 2020. De forma remota, o assunto já vinha sendo tratado desde o ano passado.
Em entrevista à TV UFMG, Andrei Isnardis, vice-diretor pró-tempore do Museu, explica que os profissionais e bolsistas das áreas de arqueologia, paleontologia, museologia, fotografia, conservação e restauração foram contratados para atuar na preparação da base digital de gestão e compartilhamento de dados das coleções resgatadas atualmente acondicionadas em uma nova reserva técnica, organizada em parceria com o Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais (Cecor) da Escola de Belas Artes.
De acordo com Isnardis, o processamento das coleções é iniciado com o trabalho da equipe de paleontologia e arqueologia, que analisa cada peça, levanta dados de seu contexto original, pesquisa como ela chegou ao Museu e sua localização dentro de seu acervo de correspondência. Essas informações são compartilhadas com a equipe de profissionais conservadores, que também analisa as características físicas e biológicas dos materiais e produz relatórios com indicações de danos e impactos causados pelo incêndio e possibilidades de encaminhamento para uma restauração futura. Todos esses dados subsidiam o trabalho da equipe de fotografia, que é responsável por registrar em imagens os detalhes de cada uma uma dessas peças.
Reencontros e descobertas
O museólogo André Leandro Silva relata que esse trabalho minucioso de reencontro com as coleções resgatadas tem revelado surpresas e o reconhecimento de muitas das peças, como a descoberta de um osso fossilizado de uma preguiça-gigante. “Esse trabalho mais detido nos possibilita efetivamente conhecer essas histórias e descrevê-las, para contar para as pessoas no momento em que o acervo estiver disponível para exibição, por meio da plataforma que vamos criar ou até mesmo nas visitas aqui no Museu”, ressalta o museólogo.
Andrei Isnardis, que também é professor do Departamento de Antropologia e Arqueologia da UFMG, explica que duas coleções, menos atingidas pelo fogo, foram selecionadas para o início os trabalhos. “Isso está sendo feito com uma parte do acervo de Paleontologia, que será processada para entrar nessa base digital, e com uma parte do nosso acervo etnográfico, a coleção Maxacali", diz. Ele acrescenta que a expectativa é que, ao longo dos próximos meses, esses trabalhos de processamento técnico possam ser estendidos aos outros acervos acometidos pelo incêndio para abastecer a plataforma.
O professor conta que a plataforma também vai oferecer arquivos inéditos do Museu para consulta pública. "A gente também está produzindo um registro digital de material primário das escavações de arqueologia.”
Graças à aquisição de equipamentos de digitalização, uma equipe faz o processamento dos cadernos de campo antigos do arqueólogo André Prous, professor do Departamento de Antropologia e Arqueologia da UFMG. Os cadernos reúnem informações sobre escavações feitas em expedições nas décadas de 1980 e 1990 que deram origem a grande parte do acervo arqueológico do Museu.
Equipe: Olívia Resende (produção, reportagem e edição de conteúdo), Samuel do Vale (imagens) e Marcelo Duarte (edição de imagens)