Escola de Engenharia homenageia egressos de 1962, 1972 e 1997
Cerimônia realizada no sábado, dia 21, celebrou os 111 anos de fundação da Unidade
Egressos dos cursos da Escola de Engenharia que completaram 60 anos (jubileu de diamante), 50 anos (jubileu de ouro) e 25 anos (jubileu de prata) de formados foram homenageados no sábado, dia 21, em cerimônia que celebrou os 111 anos de fundação da Unidade. Para cumprir os protocolos de biossegurança, o evento reuniu um pequeno grupo de convidados na Sala da Congregação da Unidade. Por sua vez, a maioria dos egressos, juntamente com familiares e amigos, acompanharam a solenidade pelo canal da Unidade no YouTube.
“Assim, mantemos uma tradição pioneira desta Casa, iniciada em 1934, com braços abertos, unidos pelo coração, ainda que fisicamente distantes de nossos egressos”, afirmou o diretor da Escola de Engenharia, Cicero Starling. Em seu discurso, o professor fez uma retrospectiva histórica da Unidade, apresentou um panorama de sua atuação e homenageou outra turma, a de 1922, a primeira a se graduar, há exatos 100 anos. Citou seus três egressos: Clóvis de Magalhães Pinto, Gil Moraes de Lemos e Iracema Brasiliense, a primeira engenheira formada em Minas e a terceira do Brasil. “Em memória dela, saudamos todas as centenas de engenheiras formadas até a presente época. As mulheres têm ocupado cada vez mais espaço na graduação e na pós-graduação em engenharia”, destacou o diretor.
Três engenheiros foram escolhidos para saudar suas respectivas turmas. Frederico Gualberto Ferreira Coelho, da turma de 1997, lembrou os apuros que um colega, Rodrigo Machado (já falecido), passou quando buscava uma imagem no principal computador da rede da Escola para ilustrar o convite de formatura. “O Uirapuru era o nome dessa máquina, e ele [Rodrigo] procurava uma imagem do Lampadinha, criação do Professor Pardal. Na época, não havia prevenção contra ataques cibernéticos, e a máquina parou, travando toda a rede”, relatou Frederico Gualberto, que hoje é professor da Escola.
Ferramentas
De acordo com Gualberto, a grande contribuição da Escola para sua formação e de suas colegas consistiu na oferta de ferramentas – “e não do conhecimento fechado” – para evoluir. “Quando me formei, meu sonho era arrumar um emprego em uma grande companhia de engenharia. As coisas tomaram outro rumo, e hoje sou coordenador do curso de Engenharia Elétrica. Foi algo inesperado, mas a Escola me preparou para isso. Agora, me preparo para o que a vida nos reserva nos próximos 25 anos. Quero estar aqui comemorando o jubileu de ouro”, anunciou.
Seu xará, Frederico Guilherme de Sales do Amaral Militão, da turma de 1972, disse estar com o “coração exultante” com a homenagem. Ele rememorou sua trajetória marcada pela atuação em vários lugares do país, que ele chamou de “estações”. “Belo Horizonte foi a estação mais árdua, desafiadora e enriquecedora”, disse ele, egresso do antigo Colégio Universitário. O engenheiro Frederico de Sales destacou o sucesso de sua turma de colegas. “Na época, havia oito empregos por formando”, disse ele, ilustrando um momento em que o país demandava grandes obras de infraestrutura. “Fomos uma geração que transformou sonhos em realidades.”
Pela turma de 1962, falou o engenheiro Marcos Santana, vice-prefeito de Belo Horizonte no primeiro mandato de Célio de Castro (1997-2000). Ao ressaltar que discursava em nome da turma por imposição do “ato institucional do chefe com apoio dos colegas, apesar da vocação democrática da turma”, Santana cumprimentou os “jovens engenheiros de 72” e “os meninos e meninas de 97” e destacou a união que caracteriza o grupo de egressos de 1962. “Essa turma, cuja idade média é de 85 anos, continua unida como nos tempos de escola. Durante 30 anos, fizemos reuniões semanais em um clube de Belo Horizonte, encontros que foram substituídos por uma reunião digital às sextas-feiras”, informou Santana.
Ainda sobre a turma de 62, Santana disse que vários dos colegas enveredaram com sucesso por outras áreas, como administração, economia, direito e medicina, o que foi possível, segundo ele, em virtude da "qualidade da formação intelectual oferecida pela escola”.
Decisões acertadas
A cerimônia foi encerrada com o pronunciamento do vice-reitor Alessandro Fernandes Moreira, ex-diretor da Escola de Engenharia. Ele elogiou a decisão da atual gestão de realizar a cerimônia em formato híbrido, mantendo os protocolos sanitários, e a própria atuação da Unidade nos “tempos difíceis e sombrios da pandemia”.
“Nós formamos um todo para tomar as decisões acertadas para atravessar a pandemia. Implantamos o ensino remoto e agora fazemos a retomada responsável das atividades presenciais”, disse ele, citando ações desenvolvidas pela UFMG, entre as quais o desenvolvimento de respirador, o monitoramento do coronavírus no esgoto, a vacina SpiN-TEC contra a covid-19 e o projeto de implantação do Centro Nacional de Vacinas. “A Escola de Engenharia e a UFMG não pararam”, ressaltou o vice-reitor.
Alessandro Fernandes também destacou outros iniciativas da Unidade no campo da gestão ambiental (energia, água e resíduos), a reformulação de projetos pedagógicos para incluir atividades de extensão e competências comportamentais nos cursos de engenharia e o seu trabalho no campo da saúde mental com a implantação do núcleo de acolhimento. Na conclusão de seu pronunciamento, o vice-reitor disse que a história da Escola de Engenharia se confunde com a de BH, e o desenvolvimento da ciência, da tecnologia e da inovação está “no coração dessa Escola”. “Construímos a Escola de Engenharia que queríamos, e vocês, egressos, deram sua contribuição”, finalizou.
Conhecimento e trabalho
A criação da Escola de Engenharia está diretamente relacionada ao nascimento de Belo Horizonte. A nova capital mineira, inaugurada em 1897, trouxe da antiga capital, Ouro Preto, a demanda pela criação de instituições de ensino. Em 21 de maio de 1911, o prédio da Sociedade Mineira de Agricultura sediou o encontro que definiria os rumos da formação acadêmica dos engenheiros em Minas Gerais e no Brasil. O então secretário de Agricultura do Estado, José Gonçalves de Souza, presidiu a reunião que fundou a Escola de Engenharia. A sessão, que reuniu outros 14 profissionais, em sua maioria engenheiros formados na Escola de Minas de Ouro Preto, resultou na fundação da Escola Livre de Engenharia de Belo Horizonte – o próprio José Gonçalves de Souza foi seu primeiro diretor.
Com 111 anos de história, a Escola de Engenharia da UFMG tem como lema Scientia et labor (Conhecimento e trabalho). Desde 2010, está totalmente instalada no campus Pampulha, em área de 65 mil metros quadrados.
Vídeo institucional exibido durante a cerimônia traça um panorama da Unidade. Assista.