Especialistas avaliam implicações da Inteligência Artificial sobre a vida humana
Mesa com professores da UFMG e do Instituto Santa Fé, dos EUA, abriu evento organizado pelo Ieat e pelo Instituto de Estudos Avançados de Paris
Foi aberta nesta terça-feira, dia 8, a série de seminários Inteligência e inteligência artificial, organizada pelo Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (Ieat) da UFMG, em parceria com o Instituto de Estudos Avançados de Paris.
Em seu pronunciamento, o diretor do Ieat, professor Estevam Las Casas, pontuou que a contribuição da Inteligência Artificial (IA) para os rumos da humanidade tem sido objeto de constante discussão. Em seu entendimento, a possibilidade de substituição, em larga escala, do trabalho humano pelo de máquinas inteligentes representa um desafio e um risco.
“A humanidade será capaz de absorver de forma aceitável as massas menos preparadas para os avanços digitais? Ou serão reforçadas as injustiças sociais e os desequilíbrios regionais? Será possível priorizar a vida humana, com a redução geral das jornadas de trabalho, em contraponto ao lucro? Saberemos usar a oportunidade de todos viverem melhor, menos dependentes do trabalho?", questionou.
O vice-diretor da Escola de Engenharia, professor Henrique Martins, afirmou que o evento, ao mesmo tempo que atesta a sinergia da UFMG com o que há de mais atual na abordagem sobre IA, também demarca uma posição crítica e reflexiva da Universidade "sobre um tema que pode mudar vários aspectos da vida humana no futuro”. “Em momentos como esse, em que se fala de tecnologia, avanços tecnológicos e humanidade, é fundamental lembrarmos que somos uma raça social e que existimos não só por nós, mas por todos”, refletiu Martins.
Também participou da mesa de abertura o pró-reitor de Pesquisa, professor Fernando Marcos dos Reis.
Fenômenos complexos
Na sequência, a professora Melanie Mitchell, do Instituto Santa Fé, dos Estados Unidos, falou, por videoconferência, sobre o tema Relação entre ciência de sistemas complexos e inteligência artificial.
A pesquisadora apresentou obras de relevância já publicadas sobre o tema, além de programas digitais que criam textos e imagens com base em comandos textuais, por meio de IA, e discorreu sobre a formulação e a intepretação dos parâmetros com uso da tecnologia. “A matemática é um impulso constante para a abstração. Toma-se um fenômeno familiar à matemática e busca-se localizar sua essência exata em outras estruturas”, explicou.
Ela também abordou as limitações que ainda persistem em relação ao uso da IA. “É relativamente fácil que computadores obtenham desempenho de nível adulto em um jogo de damas, mas é difícil ou impossível dar a eles as habilidades de uma criança de um ano quando se trata de percepção, mobilidade e bom senso”, argumentou Melanie Mitchell, uma das pioneiras no estudo das relações entre a IA e fenômenos complexos.
O evento segue até a sexta-feira, 11, no âmbito das atividades do Ano Internacional das Ciências Básicas para o Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Unesco, e das celebrações dos 95 anos da UFMG.