Institucional

'Respeito à diversidade é essencial para o exercício da docência', diz professora do Cefet-MG

Mesmo sem um código de ética, atividade é regida por uma deontologia consensual no ambiente escolar, destacou a professora Sabina Mauro, em ciclo de debates da Comfic

Vanessa Miranda, Maria José Flores e Roberta Guimarães
As professoras Vanessa Miranda, Maria José Flores e Roberta Guimarães Foto: Raphaella Dias | UFMG

 “Apesar de a profissão de professor não dispor de um código de ética específico, alguns princípios são imprescindíveis para o cumprimento da função precípua da docência: respeito à diversidade econômica, intelectual e cultural dos estudantes e a sua valorização como indivíduo social.” A afirmação é da professora do Cefet-MG Sabina Maura Silva, convidada, na tarde desta sexta-feira, 25, do ciclo de debates promovido pela Comissão para Discussão e Elaboração das Políticas de Formação Inicial e Continuada de Professores da Educação Básica da UFMG (Comfic)

Alicerçada na vasta experiência em formação de professores em instituições públicas de ensino superior, como a Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg), a UFMG e o Cefet, e em sua atuação de mais de uma década como professora da educação básica, Sabina Silva tratou do tema Ética nos espaços de formação e de atuação docentes.

“Não tenho dúvida de que a escola é responsável pela formação integral das crianças e jovens, nas dimensões cognitiva, afetiva e atitudinal. E cabe aos professores ensinar, mas também educar seus alunos para a vida em sociedade. Só assim conseguiremos alcançar uma série de bons resultados”, afirmou.

Sabina Silva:
Sabina Silva: "conduta ética é escolha individual" Foto: Raphaella Dias | UFMG

A professora retomou os conceitos de ética — palavra de origem grega (ethos), que significa comportamento, costume, caráter, modo de ser de uma pessoa — e o de moral (moris, em latim, que significa conjunto de normas) como sinônimos, para explicar que, apesar de tais regras e valores serem consenso em uma coletividade, a escolha por um posicionamento ético depende de cada indivíduo.

Ela enfatizou que a escolha por um comportamento profissional ético deve começar já no percurso formativo dos estudantes das licenciaturas. “No Brasil, embora não exista um código de ética dos professores, devemos basear nossa conduta na deontologia docente, ou seja, nos princípios imprescindíveis ao exercício profissional, que é consenso nas instituições."

Condutas
Segundo Sabina Silva, a capacidade humana de fazer tais escolhas leva o professor a adotar algumas condutas imprescindíveis ao exercício da prática docente. Duas delas estão no domínio epistemológico: são relacionadas aos conteúdos da disciplina ministrada e ao conhecimento do método de ensino. Na avaliação da professora, "essa atitude é indispensável para que o conteúdo seja adequado ao nível de desenvolvimento dos alunos, de modo a evitar e coibir toda e qualquer forma de exclusão”.

Ela sustenta também que o cuidado com a avaliação é essencial para contribuir com o processo de desenvolvimento dos alunos e não transformá-la em instrumento de punição ou de exercício de poder do professor.

Por fim, outras duas condutas são importantes para um comportamento ético, na visão da professora do Cefet-MG: a interação e o envolvimento do professor com a dinâmica e os processos escolares e a interação com sua classe profissional. Na avaliação de Sabina Silva, tais comportamentos contribuem para o fortalecimento e a valorização da profissão e da razão de existir da profissão: os estudantes.

Residência Pedagógica e Pibid
O evento reuniu as coordenadoras institucionais do Programa de Residência Pedagógica (PRP), Roberta Guimarães, e do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), Vanessa Eleutério Miranda.

Os dois programas, que são financiados pela Capes, ainda enfrentam desafios, segundo suas coordenadoras. O Residência Pedagógica, que conta com 19 residentes voluntários, 15 docentes orientadores, 39 preceptores (professores das escolas de educação básica) e atende a 195 bolsistas da UFMG, precisa, segundo Roberta Guimarães, construir uma interação maior com a educação básica, "fundamental para a formação dos docentes, e induzir pesquisa colaborativa e produção acadêmica com base nas experiências em sala de aula”.

Para Vanessa Miranda, coordenadora do Pibid, apesar dos seus 16 anos de existência, o programa ainda precisa fortalecer a articulação política para se tornar, juntamente com o Residência Pedagógica, política pública de formação de professores. “O programa é ambicioso, mas depende de articulação política para alcançar todos os estudantes de licenciatura. E além desse desafio político, buscamos maior integração com o PRP e com parceiros, como a Comfic, para garantir o compartilhamento das experiências entre professores em formação e os da educação básica”, afirmou. O Pibid na UFMG atende a 240 bolsistas em 15 cursos de licenciatura e 21 escolas de educação básica.  

Na abertura do evento, a pró-reitora adjunta de Graduação, Maria José Flores, ressaltou a importância da representatividade dos cinco mil estudantes das licenciaturas no universo dos 91 cursos de graduação da UFMG.

Teresa Sanches