'Festa' do livro termina com lançamento de coletânea sobre edições independentes
Organizada por designer gráfico e professora aposentada da Letras, obra será distribuída gratuitamente
Nesta quinta-feira, 22, às 16h, a Festa do Livro Independente (Flinde), da Faculdade de Letras (Fale), sedia o lançamento do livro Edições independentes, movimentos culturais e tecnologias alternativas, organizado pelo designer gráfico Mário Vinícius e pela professora Sônia Queiroz, diretora do Centro de Memória da Unidade. O lançamento ocorrerá no próprio Centro de Memória, que fica no segundo andar da Fale, em frente à biblioteca.
O evento encerra a programação da Festa do Livro Independente, que, durante as últimas cinco semanas, abrigou uma série de lançamentos na Faculdade de Letras, além de debates sobre os desafios de se produzir livros à margem do sistema industrial estabelecido pelos principais conglomerados editorais do país, que é por natureza movido pela demanda de consumo e pelo objetivo preponderante do lucro, em prejuízo de objetivos artísticos, sociais e culturais.
O livro reúne sete ensaios sobre a edição independente no Brasil e na América Latina e compila “seis entrevistas e depoimentos registrados em campo, em diálogos com poetas e editores de diferentes gerações atuando neste momento”, como anotam Sônia e Mário na apresentação do volume. Em particular, essas entrevistas são com autores que integraram a chamada Geração Mimeógrafo em Belo Horizonte ou participam do atual movimento de editores independentes.
Caminho alternativo
A coletânea é aberta com a tradução feita por Mário Vinícius do segundo capítulo do livro Post-digital print: The mutation of publishing since 1894, denominado Uma história da edição alternativa refletindo a evolução da impressão (“A history of alternative publishing: reflecting the evolution of print”, no original). Publicado em 2013 pelo pesquisador e artista Alessandro Ludovico, professor da escola de arte da Universidade de Southampton, na Inglaterra, o livro trata das relações entre as edições independentes, a poesia e a resistência à mercantilização do livro.
Em seguida, Edições independentes... apresenta ensaios sobre a poesia marginal dos anos 1970 no Brasil, sobre o que possa significar “ser marginal hoje”, sobre a difusão de quadrinhos independentes produzidos em Minas Gerais, sobre as edições indígenas e sobre os livros experimentais e livros de artista, entre outros tópicos.
“Marginais? O fato de pequenos grupos, em contraponto à indústria editorial nascida no século XX, se interessarem por pequenos livros – plaquetes, fanzines, poesia postal, poesia cartaz, poesia objeto – produzidos em pequenas tiragens, com a utilização de tecnologias consideradas obsoletas pelo mercado, como o mimeógrafo na década de 1970 e, hoje, no século XXI, a impressão tipográfica, apenas confirma a ideia de que o mundo dos livros e da poesia não se organiza necessariamente a partir de um centro, mas vive e se recria nas bordas”, analisam os organizadores.
Após o lançamento, o livro poderá ser baixado gratuitamente no site do Laboratório de Edição (Labed) da Faculdade de Letras da UFMG, em que podem ser encontradas dezenas de outras publicações para download gratuito.
Livro: Edições independentes, movimentos culturais e tecnologias alternativas
Organizadores: Sônia Queiroz e Mário Vinícius
Editora: Labed (Laboratório de Edição da Faculdade de Letras da UFMG)
144 páginas / Distribuição gratuita