Grupo da ECI promove jornada sobre desinformação, fake news e democracia
Evento ocorre nesta quarta; as palestras serão transmitidas pelo canal da Unidade no YouTube
O grupo de pesquisa Estudos em Práticas Informacionais e Cultura (Epic), do Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação (PPGCI) da UFMG, promove nesta quarta-feira, dia 14, a partir das 9h30, mais uma edição da sua Jornada em Práticas Informacionais e Cultura. Neste ano, o evento Desinformação, fake news, práticas informacionais e democracia receberá dois palestrantes da Universidade de Brasília (UNB), que vão compartilhar suas experiências e reflexões, cada um sob sua perspectiva de pesquisa.
Uma das palestrantes é Letícia Sallorenzo, doutoranda em linguística na UNB e autora do livro Gramática da manipulação: como os jornais trabalham as manchetes em tempos de eleições (e em outros tempos também), que foi produzido como um desdobramento da dissertação que a autora defendeu também na universidade. No volume, a autora analisa 340 manchetes estampadas pelos jornais O Globo e Folha de S.Paulo – na capa ou em páginas internas – durante o segundo turno das eleições presidenciais de 2014, de modo a mostrar como aspectos linguísticos desses títulos são capazes de levar os leitores a apreender o conteúdo das reportagens de forma tendenciosa.
O segundo palestrante é Danilo Tupinikim, estudante de ciências políticas na UNB e ativista dos direitos indígenas e LGBTQIA+. Integrante do povo Tupinikim, Danilo é cofundador do coletivo Tibira, que promove debates sobre racismo, gênero e sexualidade entre os povos indígenas, visando promover a conscientização.
Cultura e práticas informacionais
A mediação das palestras será feita pelo professor Carlos Alberto Ávila Araújo, do Departamento de Teoria e Gestão da Informação da Escola de Ciência da Informação (ECI). Diretor da ECI de 2014 a 2017, Ávila é um dos líderes do Epic. “O grupo existe desde 2013, quando adotamos essa perspectiva de estudo que é relativamente nova no campo das ciências da informação, a das ‘práticas informacionais’, mas que já vem sendo adotada em vários outros lugares do mundo. No nosso caso, particularmente, a novidade é que aliamos essa perspectiva ao conceito de ‘cultura’”, explica o professor.
“As atividades do grupo são voltadas para a consolidação de uma perspectiva original de estudos sobre os sujeitos e suas relações com produtos, serviços e instituições de informação. Um dos seus elementos estruturantes é a busca por uma compreensão da ação humana não de uma perspectiva subjetivista, centrada nos indivíduos e suas escolhas e vontades, nem objetivista, centrada na estruturação a partir das regras e normas sociais independentes das consciências individuais, mas, sim, de um olhar analítico que se realiza ‘entre’ essas duas dimensões, a partir justamente da ideia de ‘práxis’”, anota-se na descrição institucional do grupo. “Também a noção de conhecimento é central, buscando-se superar uma visão acumulativa do processo de conhecer (calcado em ideias como 'lacuna' e 'estado anômalo') para um ponto de vista atento às tensões dialéticas entre os sujeitos e o real, por meio da noção de apropriação e também com o vínculo à categoria de cultura".
As pesquisas desenvolvidas pelo Epic também compõem uma das iniciativas que integram o Programa UFMG de formação cidadã em defesa da democracia, lançado recentemente em parceria com o Supremo Tribunal Federal (STF).
Esta é a quarta edição da Jornada em Práticas Informacionais e Cultura do Epic. As anteriores ocorreram em 2018 e 2019, em formato presencial, e em 2021, de forma remota. Por conta da pandemia, a jornada não foi realizada em 2020.