Saúde

Imunização: baixa cobertura pode favorecer retorno de doenças erradicadas

Professor Unaí Tupinambás, da Faculdade de Medicina, fala sobre os riscos em depoimento à TV UFMG

Em continuidade à série que celebra o Dia Nacional da Imunização (9), a TV UFMG ouviu o professor Unaí Tupinambás, médico infectologista, professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG e ex-integrante do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Ele alerta para os riscos advindos da baixa cobertura vacinal no Brasil.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, a cobertura vacinal da população está despencando, tendo chegado a 2021 com menos de 59% da população imunizada. Em 2020, o índice era de 67%, e, em 2019, de 73%. O patamar preconizado pelo Ministério da Saúde é de 90% ou 95%, a depender do imunizante.

Até meados de 1980, a poliomielite causava paralisia em quase 100 crianças por dia no planeta, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Somente no Brasil, foram registrados quase 27 mil casos da doença de 1968 a 1989, ano da última notificação no país. Em 1994, as Américas receberam o certificado de eliminação da doença. Com a queda nos índices, órgãos de saúde vêm alertando para um possível retorno da poliomielite. Em 2021, menos de 70% do público-alvo estava com as doses em dia, em contraste com os mais de 98% alcançados em 2015.

Sarampo
O alerta também é feito em relação ao sarampo. Campanhas de vacinação levaram o país a receber o certificado de eliminação da doença em 2016. No entanto, em 2019, o país perdeu o reconhecimento porque não conseguiu controlar um surto iniciado na região Norte, em 2018, que se espalhou para os demais estados.

No Brasil, a população tem acesso gratuito a todas as vacinas recomendadas pela OMS por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). São pelo menos 17 vacinas com recomendações e orientações específicas para crianças, adolescentes, adultos, gestantes, idosos e indígenas.

No primeiro episódio da série, que foi ao ar no dia 9, o professor Flávio da Fonseca, do Departamento de Microbiologia do ICB e pesquisador do Centro de Tecnologia de Vacinas da UFMG (CTVacinas), destacou que a vacinação é um pacto coletivo de saúde pública. A série se estenderá até o fim do mês com mais dois depoimentos.

Ficha técnica
Renata Valentim (produção e edição de imagens) e Lucas Tunes (imagens)

Vacinação de crianças
Ao menos 17 vacinas são oferecidas pelo SUS à população brasileira de vários perfisFoto: Secretaria de Saúde de Belo Horizonte