Pesquisa e Inovação

Laboratório do ICB recebe financiamento para ampliar monitoramento de variantes do Sars-CoV-2

Todas as regiões do país passarão a ser contempladas pelo mapeamento graças ao apoio do Reino Unido, dos Brics e de projeto brasileiro para pesquisadoras

Pesquisadores selecionam amostras do coronavírus SARS-CoV-2
Pesquisadores selecionam amostras do coronavírus Sars-CoV-2 Assessoria de Comunicação Social e Divulgação Científica do ICB

O Laboratório de Biologia Integrativa do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG, responsável pelo Observatório de Vigilância Genômica de Minas Gerais (OViGen-MG), acaba de receber financiamento do sistema de saúde do Reino Unido para a estruturação de nova plataforma de avaliação de variantes do do Sars-CoV-2, o novo coronavírus.
 
A parceria garantirá o fornecimento de todos os insumos necessários, durante seis meses, para o rastreamento das amostras do vírus, que serão fornecidas pelo Laboratório Hermes Pardini, empresa mineira de exames diagnósticos que atua nas 27 capitais brasileiras e em diversas cidades do interior de Minas e de outros estados.
 
O primeiro lote reúne cerca de 16 mil amostras coletadas no período de novembro de 2021 a fevereiro de 2022. A expectativa é fazer o sequenciamento de cerca de cinco mil amostras por mês. A entrega dos kits necessários foi planejada para os próximos dias, quando os testes começarão a ser processados.

“O grande diferencial dessa iniciativa é que seremos capazes de mapear muito além da região Sudeste e das capitais, onde os atuais estudos de genômica estão concentrados. Com isso, poderemos aprimorar os estudos realizados em todas as regiões do país, inclusive no interior”, afirma o professor do ICB Renato Santana de Aguiar, coordenador do Laboratório de Biologia Integrativa.
 
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o sequenciamento dos genomas do Sars-CoV-2 em pelo menos 5% dos casos positivos. “No Brasil, esse percentual não chega a 1%. Aumentar essa testagem é necessário para ampliar a probabilidade de identificar uma nova variante, logo que ela apareça na população, mesmo que em baixa frequência”, explica.
 
Santana afirma que o projeto também possibilitará o treinamento em bioinformática de estudantes de pós-graduação em diferentes áreas, que poderão fazer a análise dos dados em grande escala, com vistas à promoção da saúde pública, além dos exames de biologia molecular.
 
Brics e protagonismo feminino
Outro projeto voltado para a vigilância genômica, iniciado no começo de maio, tem financiamento do CNPq e de um fundo de fomento à pesquisa dos Brics, bloco de países de economias emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A iniciativa propicia que o Laboratório de Biologia Integrativa processe o material genético (RNA viral) das amostras recebidas do Hermes Pardini e selecione aquelas elegíveis para o sequenciamento completo no Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Até o momento, foram processadas 1.250 amostras.
 
O laboratório do ICB também passou a integrar projeto nacional com o objetivo de fomentar o protagonismo feminino nas pesquisas, coordenado pela médica Ester Sabino, professora da Faculdade de Medicina da USP, uma das responsáveis pelo primeiro sequenciamento do novo coronavírus no Brasil. A iniciativa do grupo Mulheres do Brasil, financiado pela empresa varejista Magazine Luiza, busca capacitar profissionais e fornecer equipamentos para criar estrutura de vigilância genômica em lugares onde ainda não existe. O objetivo é sequenciar cerca de 100 amostras por mês, em todas as capitais do Brasil.
 
 

Pesquisadoras do Laboratório de Biologia Integrativa com sequenciador portátil de última geração que será usado no projeto Mulheres do Brasil.
Pesquisadoras com sequenciador portátil de última geração que será usado no projeto Mulheres do Brasil. Assessoria de Comunicação Social e Divulgação Científica do ICB

Com Assessoria de Comunicação Social e Divulgação Científica do ICB