Pesquisa e Inovação

Laboratórios vão testar dispositivo que facilita movimentos de pessoas com lesão medular

Protótipo associa estimulação elétrica a órtese motorizada; voluntários podem se inscrever até 15 de outubro

Aparelho foi desenvolvido por laboratório francês parceiro da UFMG há cinco anos
Aparelho foi desenvolvido há cinco anos por laboratório francês parceiro da UFMGFoto: divulgação

O Laboratório de Engenharia Biomédica do Departamento de Engenharia Elétrica da UFMG e o Laboratório Control of Artificial Movement & Intuitive Neuroprosthesis (Camin), da França, estão recrutando voluntários para testar equipamento que auxilia no movimento das mãos (punho e dedos) de pessoas com lesão medular cervical completa. O dispositivo facilita a preensão –  ato de segurar e soltar objetos – por pessoas tetraplégicas. Pessoas com lesão medular completa podem se cadastrar como voluntários da pesquisa até 15 de outubro, por intermédio do e-mail ufmg.pesquisaengenharia@gmail.com.

O protótipo foi projetado pelo Camin e fabricado pela empresa francesa Aufratech Motion Solutions. Segundo Fernanda Ferreira, terapeuta ocupacional que conduzirá o estudo e faz residência de pós-doutorado no National Institute for Research in Digital Science and Technology (INRIA), o equipamento é inovador, leve e ajustável. 
 
"É um dispositivo híbrido que associa a estimulação elétrica funcional (FES) a uma órtese motorizada. A FES, por meio de eletrodos colocados no antebraço, desencadeia os movimentos de punho e dedos. Em seguida, a órtese motorizada bloqueia mecanicamente na posição alvo alcançada, interrompendo a FES e permitindo que os músculos relaxem", explica. Fernanda acrescenta que o equipamento apresenta vantagens se comparado ao que se obtém com o uso exclusivo da FES, "porque possibilita a redução da fadiga muscular induzida pela estimulação elétrica contínua".
 
Testes 
A pesquisadora explica como serão realizados os testes com os voluntários. Inicialmente, será feita a primeira validação do dispositivo em 10 indivíduos com comprometimento motor de membro superior decorrente de lesão da medula espinhal. Durante os testes, os voluntários pegarão diferentes objetos e terão tempo cronometrado para execução das tarefas. Também serão aplicados questionários com o objetivo de analisar a satisfação quanto ao uso do equipamento, a presença de dor e a percepção de esforço e fadiga. 

Ferreira: pesquisadora na área de Pesquisa e Desenvolvimento em Tecnologia Assistiva destaca melhora de qualidade de vida possibilitada pelo protótipo
Fernanda Ferreira destaca melhora de qualidade de vida possibilitada pelo protótipo Foto: arquivo pessoal

Os testes ocorrerão durante duas semanas, em sessões de uma hora, e serão acompanhados por profissionais e pesquisadores da área de terapia ocupacional e engenharia. "Os experimentos serão realizados em quatro sessões. Na primeira, será investigado se o voluntário se enquadra nos critérios de inclusão da pesquisa, além da sua familiarização com a tecnologia. Na segunda, apenas a estimulação elétrica funcional será utilizada. Na terceira, além da FES, será empregada a órtese motorizada, possibilitando a comparação do uso das duas tecnologias. Finalmente, na última sessão, apenas a FES será usada nos testes", explicita a pesquisadora.

Fernanda Ferreira acrescenta que a expectativa é que os testes validem a futura comercialização do produto. "Ainda temos um caminho para percorrer, mas os benefícios advindos desse projeto envolvem a aquisição de um novo e promissor sistema robótico híbrido para reabilitação de membros superiores, o que auxilia na recuperação das habilidades motoras e funcionais após lesão medular. O paciente ganha independência em atividades da vida diária, tem sua reintegração social facilitada, melhora a sua autoestima e a sua qualidade de vida", conclui.

Luana Macieira