Marta Sobral, do Ministério do Esporte, visita CTE: ‘espaço maravilhoso’
Secretária Nacional de Esportes de Alto Desempenho e dirigentes da UFMG discutiram estratégias de financiamento para o centro, referência na formação de atletas no país
“Eu agradeço por ter podido conhecer um espaço tão bonito como este – e principalmente com as pessoas utilizando. O que a gente quer é isto: que não haja espaços mal utilizados. Não é para ficar ocioso. E aqui estamos vendo as pessoas usando a pista de atletismo, usando a piscina, usando os tantos outros espaços que eu conheci aqui. Então eu estou muito feliz. O que a gente quer é que se gaste os espaços, que se use os espaços. E este é um espaço maravilhoso.” Assim a ex-atleta Marta Sobral, secretaria nacional de Esportes de Alto Desempenho do Ministério do Esporte, resumiu suas impressões sobre as instalações do Centro de Treinamento Esportivo (CTE) da UFMG. A visita ocorreu na tarde desta quarta-feira, 28.
Antes, na parte da manhã, a pivô da seleção brasileira de basquete das décadas de 1980, 1990 e 2000 – medalha de ouro dos Jogos Pan-Americanos de Havana, em 1991, e medalha de prata dos Jogos Olímpicos de Atlanta, de 1996, entre outras tantas conquistas – se reuniu com a reitora Sandra Regina Goulart Almeida e com os professores Sergio Teixeira da Fonseca, diretor do CTE, e Gustavo Pereira Côrtes, diretor da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO), para estudar possibilidades de reaproximação entre a Universidade e o Ministério do Esporte, hoje sob o comando da também ex-atleta Ana Moser, medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Atlanta, no voleibol indoor.
Na pauta do encontro estavam estratégias para o fomento das atividades desenvolvidas no CTE. “Nosso objetivo foi demonstrar que a Secretaria de Alto Desempenho e o Ministério podem contar com a UFMG para qualquer projeto que eles queiram implementar, porque a gente tem a infraestrutura. É um potencial enorme que temos aqui”, resumiu a reitora Sandra Goulart Almeida.
Depois da reunião, a secretária visitou alguns laboratórios da EEFFTO. “Passamos, entre outros, no Laboratório de Análise do Movimento (LAM), no Laboratório de Prevenção e Reabilitação de Lesões Esportivas (Laprev), no Laboratório de Fisiologia do Exercício (Lafise) e no Laboratório de Estudos e Pesquisa em Esportes de Combate (Lepec), especializado em lutas”, enumerou Gustavo Côrtes, diretor da Escola. “Marta conheceu laboratórios de ponta, alguns sem similar em nenhum outro lugar do Brasil”, pontificou a reitora.
Retomada dos investimentos
Um tema central da visita foram os cortes orçamentários dos últimos anos, que estão ameaçando o funcionamento do centro. “O CTE é uma estrutura que realmente custa caro para a Universidade”, avaliou a reitora. "Temos muita dificuldade para manter suas instalações funcionando, por isso precisamos de parcerias público-privadas para sustentá-lo. Nesta visita, estamos colocando as nossas estruturas à disposição do Ministério do Esporte para o que for necessário – não apenas para atividades de alto rendimento, mas para qualquer tipo de atividade esportiva que seja importante para o Ministério e para a sociedade”, disse Sandra Goulart.
O apoio que o CTE recebia desde 2012 (época da inauguração de suas atividades, com a criação da pista de atletismo) para o seu projeto olímpico foi encerrado em 2021. Já o apoio destinado ao projeto paralímpico (formalizado em 2016, ano em que houve o 1° Super Meeting de Atletismo, e o CTE recebeu a equipe britânica olímpica e paralímpica em preparação para o Rio2016, pouco depois da inauguração do Parque Aquático) termina neste ano. A expectativa, portanto, é de que este seja um momento de renovação do projeto paralímpico e de reativação do projeto olímpico. Os projetos são renovados a cada dois anos.
"Desde 2021, a gente vem tendo certa dificuldade. Hoje, por exemplo, dependemos do trabalho voluntário dos treinadores que compõem a equipe do CTE, o que não é o cenário ideal. O que queremos é apresentar as nossas necessidades e, ao mesmo tempo, demonstrar a grande importância do CTE para o esporte mineiro”, afirma Sérgio Fonseca.
O diretor do Centro de Treinamento Esportivo contextualiza essa importância. “O CTE atende não somente a clubes, mas principalmente a crianças, que, em grande parte, vivem situações de desvantagem social. Sabemos que o esporte é transformador; ele dá oportunidades a essas crianças de encontrar um novo caminho, ter outra perspectiva de educação – isso associado ao esforço próprio, às conquistas. Portanto, o CTE tem, sim, um papel no alto rendimento, que é a vocação dele, para a qual ele foi construído, mas tem também um papel social muito importante – que fica comprometido com o encerramento dos projetos”, destaca.
Esporte, educação e cidadania
O Centro de Treinamento Esportivo (CTE) da UFMG é uma referência nacional na detecção, no desenvolvimento e no aprimoramento de talentos esportivos, na disseminação de métodos de treinamento e na geração de conhecimento multidisciplinar nas ciências do esporte. Por meio de projetos que contemplam tanto atletas de alto rendimento quanto crianças e adolescentes em condição de vulnerabilidade social, o CTE associa o esporte à educação e à cidadania.
Com a equipe multidisciplinar (que conta com professores da UFMG, estudantes de graduação, mestrado e doutorado e profissionais contratados), o CTE oferece aos atletas serviços nas áreas de biomecânica, fisiologia, fisioterapia, nutrição, ortopedia, medicina, psicologia do esporte e enfermagem.
Atualmente, são atendidos cerca de 400 atletas, que vão da iniciação ao alto rendimento – desses, 120 estão vinculados ao projeto paralímpico. No alto rendimento, são ofertadas as seguintes modalidades olímpicas e paralímpicas: atletismo, halterofilismo, natação, nado artístico, taekwondo e triatlo.
Em sua estrutura física atual, o CTE conta com moderna pista de atletismo certificada pela Associação Internacional das Federações de Atletismo, uma piscina olímpica coberta e aquecida, vestiários, saunas, banheiras de hidromassagem, tanques de crioimersão, sala de fisioterapia, sala de treinamento de força e almoxarifado esportivo – além de laboratórios, consultórios, enfermaria, salas administrativas, cozinha industrial e auditório com capacidade para 60 pessoas.