Medidas preventivas devem ser mantidas enquanto houver pandemia, defendem especialistas da UFMG
Recente aumento de casos de covid-19 mostra que uso de máscaras e a prática do distanciamento continuam necessários
No fim de abril, mesmo diante do relaxamento do uso de máscaras em Belo Horizonte e em Minas Gerais, a UFMG decidiu que manteria a obrigatoriedade dessa proteção em seus espaços. Na última quarta-feira, 18 de maio, na esteira da manutenção de uma postura preventiva e seguindo os protocolos da UFMG definidos pelo Comitê Permanente de Enfrentamento ao Novo Coronavírus, a Faculdade de Medicina publicou nota em que comunica a suspensão de aulas presenciais em três turmas do curso de medicina por um período de sete dias.
A medida está prevista no Plano para o Retorno Presencial na UFMG, que estabelece contínua atitude preventiva em relação à pandemia. As aulas dessas turmas seguem ocorrendo em modo remoto, sem prejuízo para os estudantes.
Ontem, dia 19, foi a vez da Faculdade de Educação (FaE) suspender as aulas presenciais de uma turma do curso de Pedagogia que registrou três casos de discentes com covid-19. As atividades em sala de aula serão retomadas na terça-feira, dia 24. Em nota, a direção da Unidade, o colegiado do curso e o comitê local de biossegurança informam ter baseado a decisão no próprio Plano para o Retorno Presencial e na Resolução 01, de 31 de janeiro, da Câmara de Graduação, que estabelece diretrizes para o planejamento e a oferta presencial de atividades acadêmicas curriculares durante a pandemia.
Aumento de casos em BH
Na nota que enviou à sua comunidade, a Faculdade de Medicina também lembrou que “o número de notificações de casos na unidade reflete o que ocorre no município de Belo Horizonte”. Com efeito, o índice de novos casos por 100 mil habitantes sofreu alta gradativa na cidade, nos últimos dias. Conforme dá conta a última edição do boletim epidemiológico diário da prefeitura, esse índice estava, no dia 25 de abril, em 28,1; no dia 30, ele alcançou 28,5; no dia 5 de maio, 32,4; no dia 10, chegou a 38,3, e, no último dia 15, foi a 45,1. Todas as medidas de prevenção da Universidade – sejam as que foram mantidas, como o uso de máscaras em espaços abertos e fechados, sejam as que têm sido tomadas, como a interrupção parcial, localizada e temporária de atividades – levam em consideração esse cenário de oscilação do número de casos vivido na atual situação pandêmica.
Atenção ao cenário epidemiológico
A professora Cristina Alvim, coordenadora do Comitê Permanente da UFMG de Enfrentamento ao Novo Coronavírus, destaca que a chegada do outono-inverno e o fato de ainda haver muitas crianças não vacinadas são condições que podem favorecer a maior circulação de vírus respiratórios. “Concordamos com os vários cientistas que, ao redor do mundo, têm se mostrado preocupados com as decisões de gestores de suspender as medidas preventivas antes do término da pandemia”, diz.
Os dados do boletim epidemiológico de Belo Horizonte referentes à vacinação das crianças corroboram essa preocupação. A capital tem 86,7% de sua população residente – cerca de 2,5 milhões de pessoas – vacinada com duas doses ou dose única e 62,4% imunizada com dose de reforço ou dose adicional. Contudo, se o índice de vacinados com a segunda dose ou dose única está em 86,7%, esse número cai para 52,3% quando o perfil recortado é o das crianças de 5 a 11 anos.
Por abrigar os dois principais campi da UFMG, Belo Horizonte tem sua situação epidemiológica no foco das atenções do comitê de enfrentamento. Só no campus Pampulha, por exemplo, circulam diariamente algo em torno de 60 mil pessoas. “Temos embasado nossas orientações na análise de evidências científicas, em mudanças no cenário epidemiológico e assistencial, na ampliação da cobertura vacinal e nos movimentos da cidade”, afirma Cristina, que também é vice-diretora da Faculdade de Medicina.
O professor Flávio Guimarães da Fonseca, virologista que integra o Comitê Permanente da UFMG de Enfrentamento ao Novo Coronavírus, reitera a importância da manutenção do uso de máscaras pela comunidade universitária por mais um tempo. “O que entendemos é que, num ambiente universitário, onde naturalmente há a aglomeração constante de pessoas, inclusive em ambientes fechados, a manutenção das máscaras por um período adicional ainda é um procedimento necessário. Essa ação é baseada nos mais rígidos preceitos de segurança, que regulam o protocolo da UFMG em relação à covid-19”, afirma. “Obviamente, o comitê está em discussão constante sobre as possibilidades de flexibilização, mas as medidas tomadas sempre têm como primeiro foco a segurança”, reitera o professor.
“Desde o início da pandemia, a UFMG tem se destacado no enfrentamento à crise, demonstrando sua relevância social nas muitas frentes de atuação, na pesquisa, no ensino e na extensão. Nossa comunidade também tem demonstrado compromisso exemplar com as medidas coletivas de prevenção à disseminação do vírus”, lembra a reitora Sandra Regina Goulart Almeida. “Por isso, mantemos as medidas de biossegurança nos espaços da universidade não apenas como premissa de prevenção individual, mas também como parte de nosso compromisso com a saúde pública", finaliza a reitora.