Saúde

Pesquisa-intervenção aumenta vacinação de crianças em Minas Gerais

Iniciativa pioneira é fruto de parceria entre a Escola de Enfermagem e a Superintendência de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado de Saúde

A professora Fernanda
A professora Fernanda Penido em oficina no Norte de Minas que reuniu 350 participantesFoto: Acervo da pesquisa

Pesquisa-intervenção pioneira, desenvolvida por integrantes do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Vacinação (Nupesv), da Escola de Enfermagem da UFMG, em parceria com a Superintendência de Vigilância Epidemiológica da Secretária de Saúde de Minas Gerais, foi responsável pelo aumento de coberturas vacinais em crianças menores de dois anos e diminuição do risco de transmissão de doenças preveníveis por imunizantes no estado.

Com a coordenação científica da professora Fernanda Penido Matozinhos, do Departamento de Enfermagem Materno-infantil e Saúde Pública, a pesquisa foi aplicada nos 853 municípios pertencentes às 28 gerências-superintendências Regionais de Saúde (GRS/SRS) de Minas Gerais. A proposta foi desenvolvida em três etapas – a última delas um ensaio clínico comunitário com intervenção em saúde pública, por meio de oficinas de trabalho (iniciadas em março de 2022) para a construção de planos de ação municipais, abrangendo os eixos gestão de pessoas, articulação gestora, infraestrutura e logística de vacinação, parcerias estratégicas e comunicação social.

Participaram gestores municipais, referências em imunização e coordenadores da Vigilância Epidemiológica, da Imunização e da Atenção Primária em Saúde dos municípios e regionais, além de representantes dos conselhos municipais de saúde, do Conselho de Secretários Municipais de Saúde (Cosems) e parceiros externos. Para o monitoramento da execução e dos resultados das ações propostas nos planos municipais, foram analisados sete indicadores de imunização, seis deles relacionados aos processos de trabalho.

Ensaio clínico
O ensaio clínico comunitário analisou, nos anos de 2021 e 2022, a aplicação de 10 imunobiológicos: rotavirus, meningococo C, pneumocócica, pentavalente (DTP/Hib/HB), poliomielite, tríplice viral D1, febre amarela, tríplice viral D2, hepatite A e varicela. Os resultados indicaram aumento da cobertura vacinal em todos eles. Os maiores índices de crescimento se deram com a vacina varicela (16,81%) e com a tríplice viral D2 (14,57%).

Duzentos e doze municípios foram escolhidos prioritariamente para a intervenção. Em 2021, 80,66% deles foram enquadrados como de “alto e muito alto risco” na classificação para a transmissão de doenças preveníveis por vacinas. No ano seguinte, após as intervenções, observou-se que o índice de cidades com essa classificação havia caído para 68,40%. Os resultados também demonstraram a diminuição do número de crianças vivendo em municípios em “alto ou de muito alto risco” para a transmissão de doenças preveníveis por vacinas, como a poliomielite, o sarampo, a difteria, o tétano, as pneumonias bacterianas, as doenças diarreicas por rotavírus e a meningite bacteriana.

De acordo com a professora Fernanda Penido, os resultados da pesquisa mostram que é necessário investir em estratégias para o aumento das coberturas vacinais em públicos vulneráveis, como a realização de oficinas e a implementação de planos de ação municipais. Ela informa que o próximo passo, previsto ainda para 2023, é expandir a pesquisa para o público adolescente e, posteriormente, para gestantes, adultos e idosos do estado. Em sua avaliação, os resultados desse projeto podem impactar positivamente o restante do país, devido à magnitude territorial e populacional de Minas Gerais.

O trabalho contou com contribuições de outros integrantes do Nupesv, como a mestranda Janaina Fonseca Almeida Souza, o residente pós-doutoral Thales Philipe Rodrigues da Silva e a professora Sheila Aparecida Ferreira Lachtim, além da superintendente de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde de Minas Gerais, Elice Eliane Nobre Ribeiro, responsável pela coordenação técnica da intervenção.

Com Assessoria de Comunicação da Escola de Enfermagem