Pesquisa e Inovação

Professores da UFMG receberão recursos de chamada para desenvolver pesquisas inovadoras

Iniciativa do Instituto Serrapilheira com agências de fomento repassará entre R$ 200 mil e R$ 700 mil para cada proposta

Os professores da UFMG Artur Santos Miranda, Cibele Rocha Resende e Dalton Martini foram selecionados na 6ª Chamada Pública de Apoio à Ciência do Instituto Serrapilheira. A parceria do Instituto com o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap) e as FAPs de alguns estados vai disponibilizar R$ 22 milhões em recursos para que os jovens cientistas selecionados invistam em seus projetos.

Os projetos selecionados envolvem estudos que tentam responder a perguntas nas áreas de ciências naturais (física, química, geociências e ciências da vida), matemática e ciência da computação. O montante aportado pelo Serrapilheira é de R$ 9,1 milhões; desse valor, R$ 3,2 milhões são reservados ao chamado bônus da diversidade, destinado à formação e integração de pessoas pertencentes a grupos sub-representados entre os pesquisadores. As FAPs, por sua vez, vão contribuir com cerca de R$ 13 milhões. 

Para concorrer ao financiamento, os pesquisadores deveriam estar vinculados a alguma instituição de pesquisa no Brasil e ter concluído o doutorado entre 1º de janeiro de 2015 e 31 de dezembro de 2020 – prazo estendido em até dois anos para mulheres com filhos. Os contemplados vão receber entre R$ 200 mil e R$ 700 mil cada, a serem aplicados durante cinco anos de pesquisa. 

Pesquisadores da UFMG selecionados na chamada

Artur: projeto sobre a doença de chagas
Artur: projeto sobre a doença de chagas Foto: Arquivo pessoal

Artur Santos Miranda
Vinculado ao Departamento de Fisiologia e Biofísica do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), o professor Artur Miranda foi selecionado com o projeto A via da CAMKII é um regulador central da disfunção de cardiomiócitos e da carga parasitária de T. cruzi durante a implementação da cardiomiopatia chagásica. Trata-se de estudo que visa compreender o papel da via de sinalização celular dependente de CaMKII para a biologia do Trypanosoma cruzi, protozoário causador da doença de chagas, e para a função dos cardiomiócitos, células contráteis do músculo do coração.

“Nossa proposta aborda a doença de chagas, tema que vem sendo discutido desde 1909. A grande novidade do nosso estudo se baseia na introdução de novo conceito, em que prevenimos a infecção de células do hospedeiro pelo parasita e diminuímos os efeitos dessa infecção nas células cardíacas. Essa abordagem tem potencial para se tornar uma terapia eficaz em todos os estágios da doença, auxiliando a prevenção da doença cardíaca derivada da patologia e melhorando o tratamento das pessoas que  têm sua função cardíaca prejudicada”, explica Artur.

O professor destaca que a verba liberada pelo Instituto Serrapilheira será usada para aquisição de itens de infraestrutura, como equipamentos e reagentes de laboratório, para a divulgação dos resultados obtidos em conferências científicas e para a comunidade em geral, assim como para a capacitação das pessoas envolvidas na execução do projeto.

“Atualmente, o Brasil aproveita pouco a excelente mão de obra especializada que forma. Com baixa valorização salarial e poucas oportunidades de financiamento para pesquisa, muitos pesquisadores buscam instituições internacionais. Agradeço a oportunidade de ter sido um dos 32 cientistas selecionados e torço para que mais iniciativas, públicas e privadas, alcancem os excelentes pesquisadores do nosso país.”

Cibele: projeto possibilitará desenvolvimento de nova linha de pesquisa na UFMG
Cibele: macrófagos no microambiente cardíacoFoto: Arquivo pessoal

Cibele Rocha Resende
Também professora do Departamento de Fisiologia e Biofísica do ICB, Cibele obteve recursos para o projeto Os macrófagos residentes são ativados pelo estresse cardíaco?, que investiga a forma como os macrófagos se integram ao microambiente cardíaco e como impactam a função cardíaca.

Cibele conta que o projeto se encaixa na linha de pesquisa de cardioimunologia, campo relativamente novo no qual se investiga o papel das células imunes na fisiopatologia do coração. “O coração abriga uma população de macrófagos residentes que são, em sua maioria, de origem embrionária e desempenham funções cruciais, orquestrando vários processos biológicos importantes para o funcionamento ideal do músculo cardíaco. Nesse projeto, vou investigar a interação entre macrófagos residentes e a célula muscular do coração, o cardiomiócito”, explica. 

A execução do projeto coordenado por Cibele vai expandir a compreensão sobre a fisiologia cardíaca e seus mecanismos regulatórios e viabilizar a formação de recursos humanos capacitados em cardioimunologia. Segundo a pesquisadora, o estudo também possibilitará o estabelecimento da linha de pesquisa em cardioimunologia na UFMG.  

“Estou muito feliz e honrada por ter sido selecionada, ainda mais porque tomei posse na UFMG em agosto do ano passado, e esta foi a primeira vez que participei de uma chamada do Serrapilheira. Estou muito empolgada", ela relata.

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Dalton: circuitos eletrônicos eficientesFoto: Arquivo pessoal

Dalton Martini Colombo
Professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Escola de Engenharia da UFMG, Dalton vai utilizar os recursos da chamada no projeto Os circuitos eletrônicos existentes operam com base em sinais em formatos analógico e digital. É possível mudar esse paradigma e utilizar sinais no domínio tempo?

O projeto visa ao desenvolvimento de uma nova classe de circuitos eletrônicos mais eficientes que os tradicionais e mais adequados a aplicações computacionais que requerem, por exemplo, baixo consumo energético. Para alcançar esse objetivo, esses circuitos utilizam o intervalo de tempo entre pulsos elétricos para codificar e processar os dados. 

“Um chip eletrônico que servirá como caso de estudo será projetado e fabricado por meio da tecnologia CMOS. Mais da metade do recurso financeiro está prevista para o pagamento de bolsas de pesquisa para os alunos de graduação e pós-graduação que participarão do projeto; a outra parte da verba será usada para custear a fabricação do circuito integrado, encapsulamento e realização da sua caracterização elétrica”, explica Dalton.

O pesquisador acrescenta que a seleção na chamada do Instituto Serrapilheira traz muita responsabilidade para os futuros trabalhos. “Sinto-me feliz em obter meios e recursos que tornarão possível o desenvolvimento de um projeto de pesquisa desafiador e também motivado para enfrentar os próximos desafios desta jornada", conclui Dalton Colombo.

Luana Macieira