Referência internacional em genética humana, Sérgio Pena é o novo emérito da UFMG
Com seus estudos, o professor contribuiu para desmitificar, do ponto de vista biológico, o conceito de raça
Na noite desta terça-feira, dia 4, o médico geneticista Sérgio Danilo Pena, que foi docente da UFMG de 1982 a 2021, recebeu, no auditório da Reitoria, o título de professor emérito.
“A UFMG é parte integral de minha vida desde os 17 anos. Aprendi que aprender é um processo contínuo e interminável. Estudei, estudei e, hoje, continuo a estudar. Aprendi que pesquisar e ensinar os outros a fazer o mesmo é necessário e gratificante. Com orgulho, continuarei sendo da UFMG para o resto da vida”, declarou o homenageado.
A trajetória científica de Sérgio Pena foi especialmente marcada pelo desenvolvimento de importantes pesquisas sobre a composição genética da população brasileira — cujos resultados desmentiram a validade do conceito de raça, do ponto de vista biológico.
Protagonismo compartilhado
Nas palavras da professora Élida Rabelo, o homenageado tem como característica marcante o hábito de “conceder protagonismo aos membros de seu grupo de pesquisa”. “Um de seus maiores feitos foi congregar pessoas; pessoas bem formadas e com senso crítico em relação ao fazer científico, que estão multiplicando ensinamentos para as novas gerações”, ela disse.
Ainda de acordo com a professora, Sérgio Pena foi um dos pioneiros na aplicação da ciência básica em produtos para a comunidade. “Conciliou, de forma exemplar, o trabalho na instituição pública com o da sua própria empresa. Isso gerou enormes benefícios para ambos os lados”, comentou a ex-colega.
O professor Geraldo Brasileiro, da Faculdade de Medicina, definiu o novo emérito como “intelectualmente brilhante, inquieto, inovador, otimista e dedicado”. “Ele sempre busca a melhor qualidade naquilo que faz. É intolerante com o que é malfeito e com a falta de compromisso. Tais qualidades são o passaporte para os avanços civilizatórios e servem de forte incentivo para os jovens”, declarou.
Para a reitora Sandra Regina Goulart Almeida, ao reconhecer a “exemplaridade da carreira” de Sérgio Pena, a UFMG sinaliza suas expectativas para as futuras gerações. “Que busquem sempre construir uma universidade de referência, com impacto para a ciência e a sociedade, e que abracem a causa do avanço do conhecimento e da interação com a sociedade.”
Sérgio Pena é, segundo a reitora, a perfeita representação do conceito de professor emérito para a UFMG, pois “dedicou-se incondicionalmente às missões precípuas da instituição: a pesquisa, o ensino e a extensão”.
Trajetória
Sérgio Pena ingressou na UFMG em 1964, como pré-vestibulando do Colégio Universitário. Em seguida, cursou a graduação em Medicina, concluída em 1970.
Foi professor assistente da Universidade Mcgill, em Montreal, no Canadá, antes de retornar ao Brasil, em 1982, para assumir, por meio de concurso, o cargo de professor associado — e, posteriormente, titular — no Departamento de Bioquímica e Imunologia da UFMG.
Seu doutorado foi concluído no Department of Human Genetics da University of Manitoba, no Canadá, e o pós-doutorado, no Institute for Medical Research, em Londres.
Na área de Genética Humana e Médica, atuou, principalmente, em temas como diversidade genômica humana, formação e estrutura da população brasileira e aplicação de testes baseados na PCR para diagnóstico de doenças humanas.
Foi membro titular das academias Brasileira de Ciência (ABC), Mundial de Ciências (Twas) e Mineira de Medicina (AMM) e da Sociedade Mineira de Pediatria (SMP).
Recebeu dos presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva o título de Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico da Presidência da República e a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico. Também foi condecorado com a Grande Medalha da Inconfidência e com a Medalha do Mérito da Saúde pelo governo de Minas Gerais.
Sérgio Pena registrou, nos Estados Unidos e no Brasil, sete patentes técnico-científicas. Ele presidiu a Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular, o Programa Latino-Americano do Genoma Humano e o Comitê Sul-Americano do Projeto de Diversidade Genômica Humana.