Estudante do Coltec é premiado pelo CNPq por estudo que associa lesão no fígado à covid-19
Reconhecido na categoria Iniciação Científica Júnior, Paulo Marazzi atua no Laboratório de Sinalização de Cálcio, do ICB
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) anunciou os nomes dos ganhadores da 20ª edição do Prêmio Destaque na Iniciação Científica e Tecnológica. O estudante Paulo Marazzi, do Colégio Técnico (Coltec), bolsista de iniciação científica no Laboratório de Sinalização de Cálcio do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), foi um dos premiados na área de Ciências da Vida, categoria Iniciação científica júnior.
A cerimônia de premiação ocorrerá no dia 24 de julho, no campus da Universidade Federal do Paraná (UFPR), durante a Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). A premiação da categoria Iniciação científica júnior vale R$ 5 mil e uma bolsa de Iniciação Científica no país.
Orientado pela professora Maria de Fatima Leite, do Departamento de Fisiologia e Biofísica do ICB, Paulo Marazzi iniciou o trabalho premiado ao perceber que pessoas infectadas pelo Sars-CoV-2 são frequentemente diagnosticadas com graves disfunções hepáticas, apesar de o vírus raramente ser encontrado no fígado.
Marazzi defende que o mecanismo que leva a danos em órgãos distantes do local principal de infecção pelo vírus causador da covid-19 pode estar relacionado à resposta inflamatória induzida por uma cadeia de peptídeos, uma via de sinalização conhecida como des-Arg9-bradicinina/B1R, nos pacientes com a doença. “Isso sugere que as lesões hepáticas observadas são consequência da infecção pulmonar por Sars-CoV-2", alerta o estudante.
Além de Paulo Marazzi, participaram do estudo os integrantes do Laboratório de Sinalização de Cálcio, que é coordenado pela professora Maria de Fátima Leite, os pesquisadores do Laboratório de Hipertensão, liderado pelos professores Robson Santos e Thiago Verano-Braga, e os integrantes do Laboratório de Patologia Molecular, coordenado pela professora Paula Vidigal. O estudo teve também a colaboração de um grupo de pesquisa de Manaus.
Jovem cientista
Aluno da rede pública e de baixa renda familiar, Paulo Marazzi se emocionou com o prêmio. “Essa conquista contribui para a quebra de inseguranças do ‘menino Paulo’, que iniciou sua trajetória em um laboratório de pesquisa aos 15 anos. Dedico esse trabalho e o prêmio a todos os pacientes que morreram de covid-19 sem a oportunidade de se vacinarem contra a doença”, desabafou.
Marazzi fez questão de mencionar que a pesquisa foi desenvolvida em um momento em que o laboratório dispunha de poucos recursos e não contava com qualquer financiamento. “Somado a isso, a ciência brasileira atravessava constantes ataques como consequência de uma onda negacionista que vivemos nos últimos quatro anos. Daí a importância de uma extensa colaboração entre laboratórios e professores da UFMG.”