UFMG tem semana de diálogos sobre direitos indígenas
Mesas vão reunir lideranças de diferentes povos, representantes do poder público e a comunidade acadêmica
Lideranças indígenas de diferentes regiões, representantes do poder público e membros da comunidade acadêmica estarão reunidos, ao longo da próxima semana (22 a 26 de maio), no seminário Direitos indígenas: diálogos em tempos de retomada democrática. O evento, que será aberto na tarde de segunda-feira, 22, vai ocupar auditórios da Reitoria e da Faculdade de Educação, no campus Pampulha, o Salão Nobre da Faculdade de Medicina e espaços da Escola de Enfermagem, ambas no campus Saúde.
O seminário é promovido pelas pró-reitorias de Assuntos Estudantis (Prae), de Cultura (Procult) e de Graduação (Prograd), pelo Colegiado do Curso de Formação Intercultural para Educadores Indígenas (Fiei), pelo Colegiado Especial de Vagas Suplementares para Estudantes Indígenas e pelo Coletivo de Estudantes Indígenas da UFMG.
As mesas do seminário Direitos indígenas terão participação de lideranças regionais e nacionais, como Bayara Pataxó, da Coordenação Indígena de Minas Gerais, Avelin Kambiwá, presidente do Comitê Indígena Mineiro, e Célia Xakriabá, deputada federal (PSOL-MG); membros do Coletivo de Estudantes Indígenas da UFMG, como Guilherme Pankararu, e representantes de órgãos governamentais como Douglas Krenak, coordenador regional da Fundação Nacional dos Povos Indígenas Minas Gerias e Espírito Santo; integrantes da gestão central da UFMG.
Um dos objetivos do seminário é pôr em evidência a variedade de territórios em que vivem os indígenas no Brasil, que estão em cenários distintos, em aldeias e cidades, entre outros espaços. “É preciso desfazer o mito racista de que o indígena é único. Há uma expectativa na sociedade sobre o que é ser indígena, que segue o que mostram os livros de história. E a realidade é diferente”, afirma Paula Gonzaga.
Convivem na Universidade indígenas de povos diversos – Maxakali, Xakriabá, Pataxó, entre outros –, que têm culturas diferentes mas compartilham experiências ainda vinculadas à colonialidade e ao racismo, como observa Paula Gonzaga. “Uma das questões que o evento vai destacar é justamente a interculturalidade na UFMG, que reconhece essa pluralidade. Esta é uma oportunidade especial de diálogo e troca entre os grupos que estão aqui e de maior contato com a comunidade acadêmica”, diz a diretora, que integra o Departamento de Psicologia da Fafich. Paula acrescenta que é preciso evitar a “generalidade perniciosa” e garantir espaço para as singularidades dos povos e indivíduos.
Adaptação e permanência
Aluno da Faculdade de Direito e representante do Coletivo de Estudantes Indígenas de Vagas Suplementares, Edmar Xacriabá tem origem em aldeia da etnia Xakriabá em São João das Missões, norte de Minas. Ele lembra que o seminário da próxima semana ocorre quando a representatividade indígena no cenário nacional ganhou força. “Nas mesas do evento, teremos vários representantes de órgãos federais e regionais dedicados às populações indígenas”, destaca. Os debates, segundo Edmar, contribuirão para reforçar conquistas, como no campo da educação, e também para ressaltar que ainda falta muito no que se refere a direitos, como o da demarcação de territórios.
O seminário será importante também, segundo Edmar, para pôr em evidência a preocupação dos estudantes indígenas com a inserção em um ambiente que não é preparado para eles e a necessidade de assegurar a permanência na Universidade. “A participação de dirigentes da UFMG nas mesas será importante para que eles conheçam melhor as nossas necessidades”, vislumbra o estudante. “Esperamos a presença no seminário de pessoas de todos os segmentos da comunidade da UFMG, porque vamos mostrar nossa realidade, tanto nas aldeias como nos campi.”
O evento é realizado com apoio da Faculdade de Educação, Faculdade de Medicina, Escola de Enfermagem, Curso de Formação Intercultural de Educadores Indígenas (Fiei) e do grupo Comunicação Indígena UFMG.
Atualizações sobre o seminário são publicadas no perfil da Prae no Instagram.