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Universidades voltaram a ser valorizadas como patrimônio do país, afirma Sandra Goulart

Em mesa na reunião da SBPC que discutiu o papel das instituições na reconstrução do Brasil, reitora da UFMG celebrou recuperação do diálogo com o governo federal

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Sandra Goulart: cicatrizes permanecerão por algum tempoImagem: Reprodução do YouTube

Após um período de “desmonte” das políticas e instituições públicas, o país volta a uma certa normalidade com a “retomada do respeito” às universidades pelas autoridades governamentais. Essa avaliação deu o tom da participação da reitora Sandra Regina Goulart Almeida na mesa-redonda O papel das universidades públicas na reconstrução do Brasil, realizada na tarde desta quarta-feira, dia 26, como parte da programação da 75ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Curitiba.

“Nem todo mundo tem a percepção sobre o que aconteceu com as nossas universidades nos últimos anos. A desarticulação e a desestabilização foram assustadoras e deixaram sequelas que serão de difícil superação. Sobrevivemos, mas foi por pouco”, discorreu.

Primeiramente, como detalhou a reitora, foi estrangulada a capacidade orçamentária das universidades — “a parte mais visível da desconstrução, no campo material”.  Tentou-se também, segundo ela, minar a autonomia das instituições, no campo político e no da gestão. Por fim, de acordo com Sandra Goulart, houve uma “ação deliberada para expor, de maneira falsa, a ineficiência das universidades”.

“Estivemos no centro de um insensato projeto de país, ancorado no antirracionalismo, no anti-intelectualismo, na anticiência, no negacionismo, no autoritarismo e na eliminação da diversidade, do respeito aos outros e à vida. Essas cicatrizes ficarão conosco por algum tempo”, lamentou.

Tempos melhores
Segundo a reitora, ficou comprovado que "é inviável manter o desinvestimento em políticas públicas e sociais" imposto pela Emenda Constitucional 95, a chamada emenda do teto de gastos.

O ano de 2023, em seu entendimento, é especial para os brasileiros devido à possibilidade de retomada da democracia e da civilidade. “Depois de anos, parece que voltaremos a uma certa normalidade que, no nosso caso, significa recuperar a compreensão das universidades como um dos bens mais valiosos do povo brasileiro”.

O cenário que se desenha, como explicou a gestora, é configurado pela “renovação das esperanças em tempos melhores”, mediante uma recente recomposição orçamentária — que ela considera “ainda insuficiente” — e a abertura de profícuos canais de diálogo com o governo federal. “Essa retomada do respeito é importante para a reconstrução do papel das universidades e do país. Em apenas um semestre, nossos reitores foram recebidos, algumas vezes, pelo presidente Lula e pelo ministro da Educação, Camilo Santana. Ministros de Estado voltaram a frequentar as instituições. Demonstram interesse em ouvir nossas demandas e aceitar nossas contribuições”, avaliou.

Também participaram da atividade a secretária de Educação Superior do MEC, Denise Pires de Carvalho, e os reitores Emmanuel Tourinho, da Universidade Federal do Pará (UFPA), e Dácio Roberto Matheus, da Universidade Federal do ABC (UFABC). O debate, mediado pelo presidente da Andifes, Ricardo Fonseca, reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), foi transmitido pelo canal da SBPC no YouTube.

Ciência e democracia
Com o tema Ciência e democracia para um Brasil justo e desenvolvido, a 75ª Reunião Anual da SBPC prossegue até sábado, 29 de julho, na Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba. Mais de 220 atividades constam da programação científica do evento. Ao todo, são 131 debates presenciais e 93 virtuais, com transmissão pelo canal da instituição no YouTube.

Matheus Espíndola