Institucional

Vacina Calixcoca, da UFMG, é tema de audiência pública na Assembleia Legislativa

Para avançar, estudos demandam recursos; governo de Minas confirmou liberação de R$ 10 milhões

Audiência reuniu pesquisadores, parlamentares e autoridades de saúde
Audiência reuniu pesquisadores, parlamentares e autoridades de saúde Foto: Guilherme Bergamini | ALMG

A vacina terapêutica Calixcoca, em desenvolvimento na UFMG, foi pauta da audiência da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizada nesta quarta-feira, 16 de agosto.

Já testado em animais, o composto necessita de recursos para avançar às fases de testes em humanos e, assim, ser usado no tratamento de dependentes de crack e cocaína. Com a participação de diversas autoridades, a audiência discutiu a importância da pesquisa para o estado e para o país, principalmente em relação à saúde pública.

Durante a audiência, a subsecretária de Políticas sobre Drogas da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Cláudia Leite, classificou o projeto de desenvolvimento da vacina como arrojado e inovador e reafirmou que o governo de Minas investirá R$ 10 milhões nas pesquisas clínicas da Calixcoca em humanos. No mês passado, o secretário de Saúde, Fábio Baccheretti, já havia anunciado a liberação desse montante durante visita da ministra Nísia Trindade, da Saúde, à UFMG

De acordo com o pró-reitor de Pesquisa da UFMG, Fernando Reis, além de ser um programa de pesquisa de longa data, a vacina traz inovação e pioneirismo, que já chamaram a atenção de autoridades de outros países. “Essa é uma vacina que visa auxiliar no tratamento da dependência de cocaína e substâncias similares, com um grau de inovação imenso”, afirmou.

Para a deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT), que solicitou a audiência, a Comissão tem se dedicado à valorização da pesquisa em Minas Gerais e no Brasil, principalmente após os cortes orçamentários dos últimos anos. “A pauta da ciência e da pesquisa é uma pauta que nos guia”, pontua.

Participante do encontro, a vice-diretora da Faculdade de Medicina da UFMG, Cristina Alvim, argumentou que a pesquisa necessita desse investimento para sua estruturação em longo prazo.

“A função da vacina não é prevenir, mas curar. Ela tem um objetivo muito claro, que é ser usada nos maiores centros de tratamento do mundo, proporcionando às pessoas com dependência química uma vida saudável”, afirmou o pesquisador Frederico Garcia.

Frederico Garcia durante a audiência:
Frederico Garcia durante a audiência: necessidade clínica e problema socialFoto: Guilherme Bergamini | ALMG

O professor ressaltou ainda que a vacina nasceu de uma necessidade clínica e de um problema social, após o Ministério Público sugerir que os bebês de usuárias de drogas deveriam ser retirados de suas mães logo após o parto.

O vice-presidente da Associação Médica de Minas Gerais, Gabriel de Almeida, elogiou os pesquisadores envolvidos no estudo e destacou a necessidade de investimentos para que ela ultrapasse a fase dos testes laboratoriais. “A OMS define a dependência química como uma doença crônica, progressiva, ou seja, que piora com o passar do tempo e que deve ser tratada, podendo ocasionar outros problemas, inclusive a morte”, completa Gabriel.

A audiência foi gravada e está disponível no canal da ALMG no YouTube.

Inovação em saúde
A Calixcoca é uma das 12 finalistas do Prêmio Euro Inovação na Saúde, que incentiva o desenvolvimento de soluções para grandes problemas da área médica. A vacina terapêutica foi selecionada na categoria Inovação tecnológica aplicada à saúde e concorre agora na categoria Destaque, que premiará o vencedor com 500 mil euros. Outra vacina desenvolvida na UFMG, a SpiN-TEC (contra a covid-19), também finalista do prêmio, foi uma das vencedoras na categoria Inovação em terapias. As duas iniciativas da UFMG já garantiram um prêmio de 50 mil euros.

Aberta a médicos, a votação, on-line, termina no dia 3 de setembro e exige registro em conselho de medicina em um dos países com participação da farmacêutica financiadora da premiação.

Com Centro de Comunicação da Faculdade de Medicina e Assessoria de Comunicação da ALMG